quarta-feira, 12 de julho de 2023

O garrano em extinção devido ao lobo... a mentira do Expresso

 


De quando em vez, lá surge mais uma notícia onde ao lobo lhe vestem a personagem do "lobo mau". De facto, este tipo de notícias são cíclicas e alinham-se com crises para as quais há que encontrar um bode expiatório, uma luva que assenta sempre bem ao lobo.

A reboque destas notícias surgem também os habituais comentários de que o lobo é a causa de toda a desgraça do mundo, principalmente por gente que vive sempre infeliz com os outros, isto é, gente mentalmente imberbe que tenta sempre deturpar o que é dito, sem se aperceberem da figura de idiotas que fazem perante uma opinião pública suficientemente informada sobre o tema.

O lobo é um predador de topo e encontra-se no topo da pirâmide alimentar. Sendo um ser selvagem, é óbvio que tem de perseguir e matar outros animais para sobreviver. Toda a gente com o mínimo de instrução percebe isto; dizer que toda uma espécie está ameaçada devido ao lobo, é apenas ridículo.

A notícia do jornal Expresso publicada a 5 de Julho de 2023 e da autoria da jornalista Maria Almeida, dá-nos a perspectiva de um sector que, sim, é afectado pela convivência que obrigatoriamente terá de ter com o lobo, esse faminto predador. 

No entanto, e seguindo as palavras de Luís Santos, o artigo fala, na verdade, de "um cavalo «selvagem» que é uma raça de cavalo domesticado, que vive em regime de pastoreio extensivo." Assim, na verdade, "quando muito estamos a falar de cavalos assilvestrados, o problema é que estes animais têm dono, e têm que estar registados. Não conheço nenhum animal selvagem que tenha que estar registado, quando vive em liberdade."

O artigo de Maria Almeida quer-nos fazer crer numa realidade que não existe. Isto é, ficamos com a ideia de que o garrano está em ameaça de extinção exclusivamente devido à predação por parte dos lobos. Mas, se estamos a falar de animais selvagens, não estão todos os animais selvagens ameaçados pelo lobo quando partilham o mesmo território?

O artigo apoia-se logo à partida num título sensacionalista para um texto "sobre um cavalo que não é selvagem e que alegadamente está ameaçado pelo lobo," citando mais uma vez Luís Santos. 

“Há 50 anos, eram o meio de transporte do médico, do padre, para ir às feiras”

"Agora têm pouca procura"

Em 2023 existem 1563 fêmeas, 208 machos e 617 criadores, segundo a Associação dos Criadores de Equinos da Raça Garrana (ACERG). Em 2009, segundo a mesma ACERG, existiam 1800 éguas, 200 garanhões e 660 criadores (Fonte).

2 comentários:

Francisco Ascensão disse...

Rui estes números são relativos a Portugal inteiro ou apenas ao parque nacional?

Rui C. Barbosa disse...

São relativos a todo o país.