Uma pequena volta pelo Campo do Gerês com vistas para a Serra Amarela e para a Barragem de Vilarinho das Furnas.
Nos cumes a neve ainda vai resistindo aos melancólicos dias frios que vão passando, entrando cada vez mais em 2021. O céu vai-se encobrindo de nuvens escuras e por vezes até chover, ou terá sido mesmo neve? O frio instala-se por entre as ruas da aldeia à medida que as sombras se vão encorpando e vão surgindo, a princípio tímidas, por detrás das voltas das ruas. O restolhar das folhas perdidas do Outono vai-se ouvindo por entre a dança dos ramos despidos. Ao longe os cães ladram, pois a noite vai chegando e com ela surgem os fantasmas do passado.
As ruas tornam-se então silenciosas e das chaminés vai saindo o lamento das lareiras agora acesas para combater o frio que insiste em trespassar as paredes de granito. Pelas vidraças alguém espreita com os olhos cansados e a pele rugosa que conta as histórias do passado para as sombras do presente. Os gatos dormem à luz tremeluzente da lareira que foi escurecendo as paredes da pequena sala. Nesta, estão penduradas as memórias e as palavras de tinta armazenam-se nas prateleiras em livros não cuidadosamente arrumados. Um sopro e o pó eleva-se por entre os raios de luz que traçam linhas rectas pelo ar. O vento sopra lá fora e está frio...
O silêncio pesa agora nas ruas.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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