Rasguei-me como um raio rasga o céu.
Iluminei-me todo de repente.
Negrura permanente
De noite enfeitiçada,
Quis ver-me com pupilas de vidente
E arrombei os portões à madrugada.
Mas nada vi. Caverna de pavores,
Só com tempo e vagar eu poderia
Encarar.
Castigar
E perdoar
Tanta abominação que em mim havia.
Miguel Torga in "Relâmpago"
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
Sem comentários:
Enviar um comentário