segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Minas dos Carris - Como tudo começou...


A Serra do Gerês foi palmilhada a pente fino em busca do volfrâmio que aflorava à superfície. Numa economia parca, as pequenas quantidades de minério que poderiam ser encontradas eram vendidas de forma legal ou não, às companhias mineiras que no território nacional exploravam o valioso metal. Assim se explica o verdadeiro pontilhado de explorações mineiras que foram surgindo pela serra. Muitas delas não passaram de meras sondagens as quais revelaram a fraca riqueza do local não justificando a sua exploração intensiva. Outras porém, originaram pequenas explorações como foi o caso de Cidadelhe ou mesmo explorações clandestinas que eram mantidas em segredo, escondidas do Estado.

A área próxima do marco geodésico Carris foi extensivamente batida em busca de afloramentos de volfrâmio na primeira metade de 1941. A 24 de Junho, Domingos da Silva, um jornaleiro de 29 anos de idade da pequena aldeia de Outeiro, Montalegre, entrega na Câmara Municipal daquele concelho um manifesto mineiro para assegurar os direitos de concessão no sítio denominado ‘Salto do Lobo’ onde terá descoberto volfrâmio e outros metais por simples inspecção de superfície. Domingos da Silva determina o centro do que denomina como ‘Corga do Salto do Lobo’, medindo 550 metros para o Norte. O manifesto mineiro fica registado com o n.º 303, tendo pago uma taxa de 200$00. A respectiva certidão teve um custo de 6$40 e ficou registada no livro de emolumentos com o n.º 142. O pedido de alvará de concessão tem lugar a 12 de Setembro e dá entrada na Direcção-Geral de Minas e Serviços Geológicos  quatro dias mais tarde. O pedido é feito para o sítio ‘Salto do Lobo ou Carris’, designação depois rasurada e sendo-lhe atribuído o n.º 10.730.

No entanto, e segundo um documento originário da Sociedade Mineira dos Castelos Lda., que mais tarde viria a explorar as diversas concessões mineiras, outros registos mineiros haviam já sido realizados a 15 de Maio de 1941 (registo n.º 283 “Salto do Lobo”), a 6 de Junho (registo n.º 296 “Carris”), a 16 de Junho (registo n.º 299 “Corga das Negras”) e a 28 de Julho (n.º 327 “Carris”). Estes registos tiveram apenas um papel de impedimento na evolução da exploração de dois grupos em constante litígio naquela área mineira.

Este é de facto um período de intensa busca de volfrâmio pela Serra do Gerês com o aparecimento de vários manifestos mineiros em várias áreas da serra. A 28 de Junho, Mário de Sousa Correia Barbosa iria entregar na Câmara Municipal de Montalegre um requerimento para a concessão da mina de volfrâmio dos Cornos da Fonte Fria (registo n.º 306), em Pitões das Júnias e a 19 de Setembro, José Gonçalves Ferreira requeria a concessão da mina de volfrâmio Alto do Fojo de Alcântara (registo n.º 353), em Cabril.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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