quinta-feira, 14 de maio de 2015

Entre Leonte e o Curral da Raiz


Diziam as crónicas e os antigos textos que este seria um dia bom para caminhar. O calor dos últimos dias, fazia-me ansiar pela brisa fresca das serranias e finda uma semana desejava por fim pôr botas ao caminho e apesar de ter destino e rumo certo, caminhar pela incerteza dos recantos que iriam certamente surgir.

Infelizmente, não estava pronto para uma manhã de chuva num micro-clima que nos deu a volta a todos os planos bem delineados... quase uma maldição, um feitiço negro que caíra por aquelas paragens e que nos faria passar tantas horas na Portela do Homem, que ainda de olhos fechados sou capaz de descrever aquela pequena árvore que de tarde daria sombra...

Restava-nos uma pequena caminhada de consolação... saindo da Portela de Leonte e rumando encosta acima, iríamos deliciar-nos com as paisagens do Gerês desde o Vidoal. Porém, chegados um pouco depois da Chã do Carvalho decidimos rumar ao direcção ao Curral da Raiz passando pela Corga do Mourô.


Com o Gerês engalanado de cores de Primavera, a paisagem havia-se transmutado daquilo que fora pela manhã. De facto, parecia que havíamos acordado de um sono torpe e que este era outro dia. A brisa fresca arrepiava a pele, satisfazendo assim o desejo dos dias calorentos. Ao longe, encostado à Serra Amarela, via-se o nosso objectivo inconseguido do dia, o Alto das Eiras ficará para um dia de meteorologia mais perene.

Fizemos o regresso a Leonte descendo a encosta da Cantina e embrenhando-nos naquele bosque misterioso. Este, é como um monumento sacralizado pelo sussurrar das nossas palavras ditas em tom ténue receando o despertar das criaturas mitológicas que ali vivem. O carreiro levou-nos à estrada onde os carros que passam nos olham com espanto, como criaturas estranhas ou como animais do monte.

Um pouco depois da Cascata de Leonte e mesmo antes de atravessar a ponte sobre o Rio Gerês, surge agora a recordação do antigo caminho que ligava as Caldas do Gerês à Portela de Leonte. caminhamos nas suas memórias por entre árvores secas e caídas, e a nova vegetação que em breve irá de novo ocupar aqueles espaços postos recentemente a nú. O velho caminho de memórias leva-nos a passar pela Fonte do Escalheiro e depois perde-se de novo entre a vegetação, surgindo um pouco mais adiante nas memórias de um postal...

Algumas imagens do dia...





























Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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