Contador de Argote (1676 - 1749) foi um clérigo e historiador Português que por motivos de saúde permaneceu em Braga até 1715. "Durante a sua estada em Braga dedicou-se ao estudo da história eclesiástica daquela arquidiocese, realizando pesquisas históricas que fariam dele um dos pioneiros da moderna historiografia portuguesa do século XVIII."
Durante a sua permanência no Minho, Argote deslocou-se às serranias Geresianas, fazendo uma das primeiras descrições pormenorizadas da serra e das suas gentes.
Sobre os montanheses do Gerês, disse-nos Contador de Argote, "Os montanheses do Gerês são agigantados e fortes; as mulheres robustas e trabalhadoras, dadas a trabalhar as suas fazendas. Em algumas freguesias é gente pouco caridosa para com os de outras terras. Ajustam seus casamentos na mesma freguesia, e na de S. João do Campo não se acha um só que viesse de fora, e todos os que não são naturais chamam-lhes 'vendiços', isto é, gente estrangeira de que não se deve fazer caso, nem dar-lhes entrada em suas terras, e isto denotam os estatutos que têm a respeito de certas herdades, que chamam 'casarios', em que todos os moradores do campo têm sua parte, e por leis instituídas por seus antepassados de tempos antiquíssimos, não pode neles suceder ninguém que nascesse fora do lugar ou freguesia; que observam com tal rigor que os mesmos filhos do lugar se por algum incidente nascem noutra paróquia ou terra estranha se entendem ficar excluídos daquela herança.
Vivem em grande união, e ofender um morador é o mesmo que agravar a todos no seu conceito.
São arrogantes e destemidos: levam os seus gados todos juntos em um rebanho a que dão o nme de 'vezeira', a pastar todos os dias pelo interior daquelas serranias e vales, e todos e por ordem e alternativamente o acompanham."
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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