Actividades do blogue Carris

No passado dia 11 de Fevereiro, e ainda antes da publicação em Diário da República do novo Plano de Ordenamento do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), enviei um pedido de autorização para várias actividades que pretendo realizar dentro daquela área protegida.

Hoje, dia 18 de Abril, recebi a resposta ao PNPG a esse pedido de autorização. Enviei este pedido por uma razão muito simples: muitas vezes caminho com amigos e outras pessoas que se vão conhecendo por estas andanças e com a «autorização» do PNPG para a realização dessas caminhadas estava assim, e acima de tudo, a proteger quem caminha comigo. Os problemas que por ventura possam surgir comigo enquanto utilizador frequente do PNPG (mas sem direito a milhas...), resolvo-os eu; problemas que possam surgir com outras pessoas enquanto numa actividade organizada por mim, seriam mais difíceis de resolver, mesmo sabendo que cada um deve, acima de tudo, ser responsável por si próprio.

Assim sendo, o pedido que enviei a 11 de Fevereiro terá sido o último que terei enviado ao PNPG a pedir autorização seja para que tipo de actividade for, até porque o POPNPG assim mo permite. Certamente que farei muitas actividades no interior das Zonas de Protecção Total do PNPG e neste caso não pedirei autorização para tal porque acho que é uma violação dos meus direitos fundamentais como cidadão livre ser-me exigido um pagamento de €152,00 para simplesmente me analisarem um simples pedido de autorização que pode, por ventura, ter uma resposta negativa. Assim, declaro que IREI DESOBEDECER A UMA PORTARIA QUE ACHO QUE VIOLA OS MEUS DIREITOS DE CIDADÃO e que de facto consagra que um simples suborno ao estado na figura de uma taxa, poderá ser o suficiente para eliminar a minha possível influência numa área protegida. Com a actual interpretação e implementação de facto da Portaria n.º 138-A/2010, de 4 de Março, o Estado Português está a colocar em risco a vida dos seus cidadãos porque cria uma situação perante a qual os levará a não solicitar qualquer autorização para caminhar em ZPT que contêm zonas potencialmente perigosas. Por outro lado, ao criar excepções, a referida portaria leva a que qualquer tipo de entidade de utilidade pública mas sem qualquer tipo de preparação para actividades de montanha possa um dia ser autorizada a realizar uma actividade no interior de ZPT potencialmente perigosas colocando assim, e mais uma vez, em risco a vida dos cidadãos.

Até ao presente, continuo a não entender como é que as Federações, Associações e demais Grupos de montanha se mantêm apáticos, serenos e numa atitude de conluio perante tamanha injustiça e violação dos direitos daqueles que decidam de forma livre utilizar as nossas montanhas e áreas protegidas como local de escape. Perante toda a injustiça de um falso princípio de utilizador - pagador, tem-se feito em Portugal as maiores vigarices que são no fundo o reflexo de uma classe política e dirigente podre, ladra e corrupta.

O blogue Carris irá continuar a realizar actividades que em devidas alturas serão abertas a todos. Por outro lado, penso que facilmente se compreenderá que poderão existir actividades deste blogue que somente estarão abertas a um grupo restrito, pois nesta altura existem muitos bufos pela montanha...

Fotografia © Rui C. Barbosa