quinta-feira, 28 de abril de 2011

Trilhos Seculares - Descendo em frente do Murjal

Em todas as caminhadas, sejam estas grandes travessias ou pequenos raides, exitem momentos, caminhos ou lagares, que acabam por marcar todo um dia. Pode ser uma grande paisagem com um imenso vale a nossos pés ou pode ser uma estreita passagem por entre as paredes granuladas do graníto do Gerês.

Há já vários meses que sabia deste «novo» trilho mas por uma rzão ou por outra havia sempre adiado passar por ali. Da mesma forma, vindo da Junceda para o Pé de Cabril, já há muitos anos que havia notado as mariolas que desciam um pequeno vale e acabavam por desaparecer entre a vegetação rasteira. Já na mais recente caminhada ao descer para o Mourô vindo da Freza, eu e o meu amigo Paulo Figueiredo havíamos notado uma série de trilhos que traçavam as encostas abarcadas pelo olhar.

Perante a evidência de um fim-de-semana de chuva (confiando nas previsões que muitas vezes nos enganam) e saindo muito mais tarde do que é usual, decidi-me então partir à exploração... por vezes faz bem fantasiar... Passado pelas Caldas do Gerês, rumei então à Portela de Leonte e menos de 5 minutos depois de parar o carro já estava de pequena mochila às costas a caminhar pelo estradão florestal que se inicia junto do busto de Arthur Ribeiro situado por detrás da Casa Florestal. Depios de caminhar quase dez minutos, flecti à esquerda seguindo a mariola que surje junto do estradão. Depois de subir mais um pouco, já tinha à minha frente a visão da Serra Amarela, ao fundo parte da albufeira de Vilarinho da Furna e ligeiramente á minha esquerda o imponente e magestoso Pé de Cabril. Era na sua direcção que me dirigia mas desta vez não iria subir a sua clássica ferrata. Passei ao lado do grande promontório granítico e comecei a descer para o pequeno vale que se abre a Sul. Aqui, comecei então a procurar o «novo» trilho mas antes de o começar a percorrer, foi ver as vistinhas para o Vale do Rio Gerês e contemplar a grandeza daquela montanha que me abraçava... ... ... bem... depois de fotografar uma decrépita carcaça, fui até a um pequeno marco geodésico de 2º ordem a partir do qual via o vale em toda a sua extensão. À minha frente, a Corga de Mourô e a Corga da Cantina com o Curral da Raíz um pouco mais acima. Daqui via nitidamente um trilho que se dirige a Sul... este também não me escapa brevemente! Ao lado esquerdo da Corga de Mourô, a Costa do Murjal e um pouco mais acima o Prado de Mourô (ou do Vidoal). No horizonte acima da Corga do Mourô, quase imperceptível, o repetidor do Borrageiro e a noção de que a encosta anterior marcava o Camalhão e o posterior Vale da Teixeira.

Era então hora de ir á descoberta, e que descoberta que foi. O «novo» trilho, recentemente reaberto com os trabalhos de silvicultura preventiva do Parque Nacional da Peneda-Gerês, começa junto de um carvalho facilmente identificável. Depois de atravessar o curso de água (que irá engrossar para formar a cascata de Leonte ou do Leão), facilmente se observa a limpeza do trilho. Este vai serpenteando encosta abaixo entre a vegetação, ladeando um escarpado vale impenetrável. No chão, são visíveis rochas que ali foram colocadas há muitos anos e certamente que aquele trilho serviria as populações serranas para o acesso às pastagens de altitude situadas nos Prados. O trilho vai descendo, umas vezes de forma mais abrupta, mas sempre de percorrido fácil. Nesta altura atravessa dois cursos de água e vai terminar na Portela de Leonte junto do pequeno riacho na antiga zona de merendas onde apesar de ter uma placa de proibição de pic-nic os ignorantes continuam lá a parar os carros...

Este trilho permite assim realizar um percurso fantástico que se inicia na Portela de leonte e sobe ao Pé de Cabril pela encosta Oeste / Sul. Depois, pode-se seguir para o Cancelo e Prado Amarelo, e depois passar pelo Curral Velho. Aqui, pode-se optar por seguir para o Alto da Varziela e descer para a Mata de Albergaria pela Costa da Varziela ou então, do Curral Velho, descer a encosta poente do Rio Maceira em direcção à Ponte de Maceira, regressando em qualquer opção à Portela de Leonte.

Algumas fotografias...





























Fotografias © Rui C. Barbosa

1 comentário:

Órion disse...

Bem observado Rui!Parece ser um trilho interessante. É sempre uma boa sensação ir à descoberta de trilhos diferentes.
A víbora que vocês viram...será uma cornuda?