Tive a oportunidade de passar pela Mata da Albergaria na manhã do dia 26 de Março e depois ao final da tarde de regresso dos Carris.
Pela manhã obtive algumas fotografias do terreno onde são visíveis os efeitos do incêndio dos dias 21, 22 e 23. Em alguns locais, e já se sabia, o fogo chegou a atingir a estrada entre as Caldas do Gerês e a Portela do Homem. Em algumas zonas o efeito não é visível, mas noutros lugares a paisagem deverá demorar um pouco a recuperar caso não chova muito potenciando uma possível erosão dos solos.
Na parte da tarde ao descer dos Carris o efeito do fogo é visível a uns 100 metros antes da Fonte da Abilheirinha. O Bosque da Abilheirinha foi muito castigado e o belo cenário que tinhamos junto à fonte está totalmente diferente. A área queimada acompanha o trilho desde a Abilheirinha até ao seu início.
Ao regressar a Braga e passando novamente pela Mata da Albergaria, deparei-me com um carro de bombeiros a encher os tanques junto da Ribeira de Monsão pois aparentemente havia o perigo de um reacendimento..
Aqui estão as fotografias...
Desde o cruzamento para S. João do Campo até à ponte sobre o Rio Homem no lado direito da estrada e na direcção da fronteira...
Admito a minha completa ignorância no que diz respeito ao combate a fogos florestais, mas como é que após se dar um fogo por extinto no dia 23 de Março ainda se vê um fumo mais ou menos intenso em algumas zonas sem haver por perto a presença de algum meio de prevenção? Alguém me responde ou as entidades vão continuar a menorizar a preocupação que muitas pessoas têm por esta questão?
Desde a Fonte da Abilheirinha até ao início do trilho para as Minas dos Carris, descendo e do lado esquerdo voltado para os Prados Caveiros...
...e ao fim de tantos anos de proibições e de um clima de tensão e medo provocado pelo PNPG e pelo SEPNA a quem quer disfrutar do contacto directo com a Natureza e da belaza do nosso único parque nacional, os responsáveis não foram capazes de evitar esta catástrofe. Somente numa sociedade como a nossa onde não há o hábito de as populações pedirem responsabilidades é que se permite que se continue com este estado de impunidade das próprias autoridades.
Os responsáveis do PNPG têm a obrigação de nos informar sobre o que falhou neste incêndio evitando justificações como "o que falhou foi o incêndio ter ocorrido!" Onde estava a prevenção? Onde estava a vigilância? Quem errou? E como evitar que no futuro volte a acontecer? Que o dia de Domingo não seja também resposta para estas questões. Sendo um parque nacional este tem de possuír os meios de vigilância e de intervenção primária para evitar o que aconteceu.
No final deste triste episódio e vendo o terreno posso concluir que acaba por ser uma sorte este incêndio ter deflagrado em Março, pois se tivesse acontecido em Julho, Agosto ou Setembro muito provavelmente teríamos uma imensa área ardida ajudada por uma carga térmica e condições atmosféricas que não se verificaram neste caso.
Mas pronto, nós só amamos a Natureza...
Fotografias: © Rui C. Barbosa
3 comentários:
Felizmente tenho memória e fotos para recordar a mata da Abilheirinha, triste cenário este da fonte cinzenta...
Proibições para isto???
sendo eu bombeiro e como estive presente nos incendios, posso lhe dar
algumas respostas as suas perguntas.
o facto de ver fumo apos o incendio ter sido dado como extinto e apos a
desmobilização dos meios do teatro das operaçoes é "normal". e digo
normal porque é impossivel fazer com que toda a zona ardida fique sem
fumo. é normal apos dias ou mesmo semanas do incendio ainda se
visualizar fumo aqui e ali, e isto acontece devido aos trepos das
arvores e manta morta no solo que ficam a "moer" por muito tempo. para
que este fumo desaparecera de um dia para o outro so mesmo a chuva fará
esse trabalho. Quando se ve esse fumo normalmente é proveniente das
raizes a qual chamamos incendios subterranios e por mais agua que deite
nesses trepos, a agua pode nem chegar as raizes mais profundas e o fumo
ira continuar.
quando fala que se o incendio fosse em julho ou agosto que certamente
era bem pior, posso-lhe dizer que nao era e explico o porquê: estamos
em março e nestas alturas nao é habitual este calor/incendios desta
dimensao e por isso nao existe qualquer tipo de vigilancia a nivel da
protecçao civil no terreno, seja ela em torres de vigia, motas, ou
veiculos de bombeiros. Apartir de maio ja começa a existir algumas
equipas de primeira interveção no terreno quer nos bombeiros a qual
chamamos ECIN's (equipas de combate a incendios)quer atraves da
protecçao civil municipal em motas e torres de vigia. Apartir de julho
ate fim de setembro estas equipas existem em todos os corpos de
bombeiros, onde apenas e so trabalham em incendios florestais e estao
operacionais 24h dia.Nos BVTerras de Bouro no ano passado existiam 3
equipas 24h em 3 veiculos pesados de primeira intervenção, e a primeira
chamada de incendio avança logo os bombeiros da zona mais os bombeiros
de concelho vizinho que no caso sao vieira do minho e amares mais o
helicopetro de sediando em braga ou fafe. as vezes numa pequena
fogueira onde um veiculo resolvia, vai 5 ou 6 mais helicopetro. como
estamos em março, e nao havendo vigilancia, nem equipas permanentes
escaladas para o efeito e sendo os bombeiros voluntarios (muita gente
se esquece disto) o ataque inicial pode demorar mais do que no verao.
Alias nao é a toa que ano apos ano temos vindo a reduzir a area ardida
no pais.
E nao nos podemos esquecer que no geres os acessos sao escassos ou
nenhuns onde so por meios aerios é possivel o ataque.
Andre Silva
Bombeiros Voluntarios de Famalicao
Caro André,
Muito obrigado pelos seus esclarecimentos!!!
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