sexta-feira, 19 de maio de 2017

Paisagens da Peneda-Gerês (CLXXVII) - Minas dos Carris


É difícil descrever emoções mesmo numa língua tão rica como a nossa. Da mesma forma, a fotografia que imortaliza momentos, faz-nos viajar por cenários fantásticos e de fantasia, como as Minas dos Carris, Serra do Gerês.

Debato-me neste limbo, nesta neblina que me envolve na fronteira entre a realidade e o mundo dos sonhos. Sombras que rastejam pelas paredes sombrias do quarto silencioso enquanto um ensurdecedor pensamento invade todo o ser que corre na planície perante o trono de Morfeu. Caio de joelhos, cansado e com o suor quente que me percorre a pele. O corpo dorido como no final de um esforço ao arrastar um bloco de granito por uma estrada que se perde e esvanece pelo horizonte que se havia tornado rubro de tons púrpura. E de repente, ao abrir os olhos ardentes do sal que escorria pela testa, encontro-me num velho quarto tenuemente iluminado pela luz tremeluzente filtrada nas velhas cortinas de seda que mortalham as janela em forma de antigos quadros góticos. Ao canto, como que ainda mais escondido da penumbra, jaz algo que não consigo descrever pela turvidez do sonho. Antigos livros gastos pelo tempo e amarelecidos pela memoria dos dias, completam abauladas prateleiras com o peso dos anos. Transformam-se em pó ao leve toque. Pelo canto do olho perde-se a definição do que vejo...é a parte do sonho que me está proibida.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

quinta-feira, 18 de maio de 2017

A Serra do Gerês no facebook (II) - "O Gerês"


O facebook, como rede social, permitiu uma divulgação sem precedentes dos encantos e maravilhas do nosso único Parque Nacional, muitas vezes confundido somente com a Serra do Gerês.

Nesta rede social podemos encontrar três páginas ou comunidades que de forma particular divulgam o Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG). Esta série de três publicações tem por objectivo divulgar essas páginas ou comunidades e assim, por essa forma, divulgar o PNPG.

Hoje, a comunidade 'O Gerês' nas palavras de um dos seus fundadores, Júlio Marquez...

Dia 23 de Maio nasceu o meu projecto, criado por dois adeptos geresianos e do mundo da Montanha. Por diversas vezes já me questionaram sobre o porquê de ter escolhido um nome tão específico e não tão abrangente? Para a população global “O Gerês” é visto como um todo, não como a Serra do Gerês, mas como todos os locais que envolvem o Parque.

Diriam neste momento os acérrimos que estamos a cometer uma gafe contextual, no entanto, e visto que seguimos muitas vezes as vontades não apenas das populações, mas também dos visitantes, poucos são os que realmente se importam com tal relevância, embora por vezes possa gerar algumas conversas de café sobre o tema, o que continuamos a achar legítimo, pois a serra Amarela, a serra do Soajo e a serra da Peneda devem ter a sua identidade. Mas porque apenas então Parque Nacional da Peneda-Gerês e não Parque Nacional da Amarela-Gerês-Peneda-Soajo? Enfim, provavelmente na hora de decidir deverá ter prevalecido a racionalidade do espaço, e assim a escolha foi mesmo por aí, o Gerês como um todo, e de fácil identidade, não desmistificando cada uma das quatro Serras do Parque.

Para muitos, mais uma página com um design apelativo, com fotografias bonitas sobre o Parque Nacional, quanto à realidade, bem diferente do que possam conjeturar, o projecto contempla uma versão forte a nível de imagem, é uma realidade, fotografias dos chamados quatro cantos do Gerês colocados a nu na minha página do Facebook, na maior parte das vezes com descritivos dos locais, sem qualquer tipo de referência de GPS, embora nos incitam cada vez mais a tornamos públicas essas coordenadas, algo que nunca irá suceder, não apenas por respeito ao próprio Parque Nacional, mas por respeito ás populações envolventes ao Parque, aos serviços de emergência médica e essencialmente à população que pode tentar, e sem os meios necessários procurar algumas destes locais de árduo acesso. Na descrição que normalmente deixamos vem o nome do local e muitas das vezes uma explicação sobre a fauna e sobre a flora do Parque. A minha comunidade nasceu um pouco para isso, e quem somos é essa decisão intrínseca, mostrar os locais remotos que têm um nome, uma identidade, juntar com os que o público em geral já conhecem, e através de texto povoar o mapa do Parque Nacional que realmente poucos conhecem, ou sequer têm uma noção da sua vasta área, dar a conhecer o nome das suas desconhecidas montanhas, das suas anónimas fechas e poços ou lagoas e cascatas, como lhe queiram chamar.

O suporte social do Facebook é um abrir de portas, criar uma comunidade como a que criei dá imensa satisfação pessoal, os surpreendentes resultados que obtive num crescimento desmesurado nos seus inícios, e focado em algo mais transcendente, muito mais além da publicação de fotografias a cru e dos seus locais. Este momento inicial foi ultrapassado, e a vontade é continuar o trabalho que realizei no Facebook na nossa página oficial www.ogeres.pt e actualmente no Instagram, plataforma que confesso, estou a admirar imenso devido à qualidade e versatilidade da rede social. O website será especializado em dar a conhecer o Parque Nacional da Peneda Gerês, desenhado com um layout de suporte à própria página do Facebook onde detalharei muito mais do que simples fotografia. Quero incidir em estudos do Parque, quero prevenir quedas e sujidade dos espaços no Verão, evitar os incêndios, pressionar para evitar a caça furtiva, pressionar os organismos estatais com os meios que teremos para fortificar o nosso património natural. Ajudar as populações, criar projectos que visem melhorar o turismo qualitativamente e dividir quantitativamente de forma a que todos possam usufruir dele e que não seja exaustivo para algumas regiões como o é e inexistente para outras que se prepararam igualmente para o receber.

O futuro da comunidade O Gerês é ainda uma incógnita, arrancamos a dois um projecto com a colaboração de imensas pessoas e cada qual com uma característica como hobby e paixão.

Resumindo, o Gerês é um barco neste momento em remodelação e reestruturação com a mesma vontade, mas a só uma direcção. Ganhei com esta comunidade O Gerês uma grande lição de vida, fiz e conheci locais incríveis, no início confesso que queria chegar ao maior número de pessoas, hoje o objetivo é ter uma página que chegue sim a quem se interessa com o Parque Nacional como ele é e que o deseja protegido e não massificado ao ponto de o destruir. As filosofias mudam e vamos crescendo à medida que vamos vivenciando mais Gerês.

Minas dos Carris pintadas por Margarida Cardozo


As Minas dos Carris pintadas por Margarida Cardozo

Fotografia © Margarida Cardozo (Todos os direitos reservados)

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Biodiversidade e turismo sustentável


O Ecomuseu de Barroso do Pólo de Fafião/Associação Vezeira levará a cabo uma iniciativa em conjunto com o Centro de Biologia Molecular e Ambiental da Universidade do Minho que pretende não deixar passar despercebido um dia tão importante como o dia internacional da Biodiversidade. Sendo assim aqui fica o planeamento para um dia em cheio como não poderia deixar de ser no Parque Nacional da Peneda-Gerês. 

*10:00H - Visita ao Ecomuseu do Barroso em Fafião

- Palestra sobre o tema Biodiversidade e o Turismo Sustentável
Oradores:
- Doutora Cláudia Pascoal do Centro de Biologia Molecular e Ambiental;
- Fafiota Odete Laja da Associação Vezeira

*11:00H - Inicio da Caminhada

- Fojo de Fafião

- Observação da plantação das árvores autóctones no Azeveiro

- Cabana/Abrigo dos pastores no Vidoal

- Fojo de Pincães

- Silha dos Ursos

- Cascata de Pincães

*19:00H - Termino da actividade

NOTAS:

Caminhada de aproximadamente 12 km, de grau de dificuldade baixo/médio.

Cada Participante é responsável pelo seu almoço.

Paisagens da Peneda-Gerês (CLXXVI) - Minas dos Carris


As eternas ruínas das Minas dos Carris numa manhã de Inverno a 18 de Janeiro de 2014.

Naquele instante que define um todo, viajei por entre todas as estrelas do Universo. Percorri galáxias e super-novas em explosões que ocorrem como o último suspiro de uma vida que se esvai, espalhando pelos quatro cantos da existência as quânticas sementes que irão proporcionar a vida. É como o suster a respiração no êxtase final numa turbulência de cores que nos percorrem o ser quando fechamos os olhos e arqueamos o corpo. Por entre átomos de uma matéria estranha ou por entre gigantescos buracos negros, fazemos por atravessar o inatingível horizonte de eventos ao redor do qual corremos de mãos dadas e que procuramos evitar como que saltitando na areia húmida para fugir à efémera onda que se dissipa ao perder força envolvendo as pequenas jogas naquela praia. Ao longe o Sol pôr está semi oculto por nuvens que mimetizam cores rubras, tornando-se um eterno véu para o dia que agora se ocasa.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

terça-feira, 16 de maio de 2017

Trilhos lá fora - Ida e volta a Tresviso


Uma subida à pequena e bela aldeia de Tresviso, Picos de Europa, a 29 de Abril de 2017, desde Úrdon.

O album completo pode ser visto aqui.








Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Histórias do povo de Cabril - O pão, sua importância, seu culto e religiosodade


Na freguesia de Cabril nunca houve conhecimento de fornos comunitários e quase todas as casas tinham o seu forno, com o seu tamanho a variar dependendo da grandeza da casa e do agregado familiar. Havia casas que era necessário um carro de bois de lenha só para o aquecer.

As pessoas das várias aldeias da freguesia, também praticavam um sistema que lhe chamavam as "tornas" que não era mais que uma forma de garantir sempre pão fresco, pois quando coziam o pão também coziam para os vizinhos, e os vizinhos faziam igual, e esse sistema de "tornas" era uma garantia de ter sempre pão fresco em casa, pois coziam sempre em dias diferenciados. 

O pão era e é sagrado. Se caia pão ao chão, involuntariamente, devia beijar-se 3 vezes. Não se devia por a mesa sem nela colocar antes o pão. O pão da ceia de Natal não endurecia e tinha a virtude para as dores de cabeça. O pão que era benzido no carolo de S. Sebastião não apodrecia.



Quando a massa era colocada na maceira para levedar, dizia-se sempre esta oração, fazendo uma cruz na massa, com a mão direita:

S. Vicente te acrescente,
S. Mamede te levede, 
S. João te faça pão, 
Pela graça de Deus e da Virgem Maria,
Padre-nosso, Ave Maria

Ou então, dependendo das aldeias:

S. Mamede te levede 
S. Vicente te acrescente 
S. Agostinho te faça gostosinho 

Terminada a tarefa de meter o pão no forno, o forneiro dizia, fazendo 3 cruzes com a pá, na boca do forno:

Deus te acrescente, 
O Diabo te arrebente,
pela graça de Deus e da Virgem Maria. P-n. A-m
Rezem por alma de quem o cá deixou.

Nos dias de hoje, em todas as aldeias da freguesia de Cabril não são mais de meia dúzia de pessoas que ainda continuam a cozer o pão desta forma ancestral. 



Texto e fotografias © Ulisses Pereira (Todos os direitos reservados)

Paisagens da Peneda-Gerês (CLXXV) - Curral das Mestras


O Curral das Mestras é um pequeno curral escondido na Corga das Mestras, Serra do Gerês, à sombra do colosso granítico de Borrageiros.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

quarta-feira, 10 de maio de 2017

O que fazer se encontrar um animal selvagem ferido?


Um guia para nos ajudar quando encontramos um animal selvagem ferido durante as caminhadas pela Natureza.

Ver aqui.

A Serra do Gerês no facebook (I) - "Caminheiros do Gerês"


O facebook, como rede social, permitiu uma divulgação sem precedentes dos encantos e maravilhas do nosso único Parque Nacional, muitas vezes confundido somente com a Serra do Gerês.

Nesta rede social podemos encontrar três páginas ou comunidades que de forma particular divulgam o Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG). Esta série de três publicações tem por objectivo divulgar essas páginas ou comunidades e assim, por essa forma, divulgar o PNPG.

Com mais de 50.000 seguidores, a comunidade 'Caminheiros do Gerês' está alojada aqui. Esta comunidade dedicada à fotografia, trekking e informação sobre o PNPG, nasceu "com o intuito de dar a conhecer o Gerês, os seus recantos e detalhes! Os seus encantos, os seus segredos!" Segundo Marco Soares, um dos administradores da comunidade, a sua existência é baseada "...na partilha mútua de conhecimentos e experiências. A cada trilho pisado, a cada caminho trilhado, caminhamos juntos!"

Subida da vezeira das vacas em Fafião


Terá lugar a 13 de Maio de 2017 a subida da vezeira das vacas em Fafião.

Este é um evento comunitário aberto a todos e inicia-se pelas 6h30, em Fafião. Durante o dia serão limpas as cabanas, além de se proceder à recuperação e limpeza dos carreiros do pastoreio na Serra do Gerês.

Fotografia © Associação da Vezeira de Fafião (Todos os direitos reservados)


Paisagens da Peneda-Gerês (CLXXIV) - Curral de Bebedoiro


O abandonado Curral de Bebedoiro, Serra do Gerês, é uma das memórias da vezeira de Fafião.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

terça-feira, 9 de maio de 2017

Trilhos seculares - Serra do Gerês com o último vezeireiro de Ferral


Tendo falhado em anos anteriores esta actividade organizada pelos Amigos da Misarela, este ano tive a oportunidade de percorrer os velhos carreiros do Gerês na companhia de alguns vezeireiros que conhecem aquelas paragens como ninguém. As paisagens são, por certo, conhecidas, mas desta vez tiveram o condão de um novo encanto através das vivências dos homens que desde muito novos as percorrem.

Além das vivências pessoais e das histórias de vida, estas actividades são sempre uma boa oportunidade de ficar a conhecer um pouco melhor a nossa «alma mater» montanhosa. É assim que o Gerês se vai revelando, a pouco e pouco, deixando levantar um pouco do seu longo véu sobre o qual oculta os seus mistérios.

O dia chuvoso prometia uma caminhada molhada e de facto assim aconteceu por várias vezes. Porém, o espírito da amizade e entreajuda foi sempre forte para animar os ânimos mais abatidos no início e durante a jornada. Esta começou em Xertelo, a pequena aldeia cimeira, e a partir da qual enveredamos na direcção da Chã de Suzana, após uma breve introdução do que seria o nosso dia. Mais adiante, o grupo voltava a reunir-se antes de se aventurar pelos trilhos que em tempos foram percorridos centenas de cabeças de gado e que guardam histórias de pastoreio, mineração, contra-bando e de salto para a liberdade.

Em pouco chagávamos às Portas do Castanheiro e daqui descia-se para o Curral do Castanheiro, ladeando o alto de mesmo nome pela sua vertente Nascente. O caminho levar-nos-ia a passar na margem esquerda do Vale da Ribeira das Negras à vista dos Currais de Matança que seriam percorridos a Norte na direcção da Lamalonga. Aqui, far-se-ia uma pequena paragem no Curral de Teixeira para saborearmos o nectar de rosas e mel que iria aquecer o ânimo até antes da paragem para o almoço.

Deixando a Lamalonga para trás, passaríamos pela Sesta de Lamalonga e passaríamos pelo Curral de Ruaz antes de chegarmos ao Curral da Laje dos Bois, descendo depois para Pinhedo e entrando no estradão que nos levaria de volta à Chã de Suzana onde nos esperava um convívio oferecido pela organização.

Um profundo agradecimento aos Amigos da Misarela pelo convite para participar nesta actividade e pelo carinho com o qual brindaram todos os participantes. Um bem haja a todos!

Algumas imagens do dia...


















Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Paisagens da Peneda-Gerês (CLXXIII) - Lamalonga


A imensidão da paisagem da Lamalonga, alterada pela grande escombreira das Minas dos Carris.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Trilhos seculares - Do Campo às Caldas, uma jornada Geresiana


Uma jornada que ligou Campo do Gerês às Caldas do Gerês utilizando carreiros seculares e percursos homologados num dia de chuva que terminou em corrida serra abaixo a tempo de apanhar o transporte de regresso a casa. Passagens pelos Prados, Casa Florestal de Junceda, Miradouro da Junceda e Boneca.















Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)