quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Trilho seculares - Entre a Ermida e a Arrocela pelo Vale de Rio Conho

 


Percorrer os velhos carreiros na Serra do Gerês é como mergulhar no interior do nosso próprio ser, absorvendo em momentos de contemplação todas as sensações que a montanha nos dá. E não precisamos que ela seja muito grande perante nós, basta apenas que seja grande no nosso interior.

É isto que as serras do Parque Nacional nos proporciona; desde a magnitude da Serra do Gerês ao misticismo das brumas da Peneda, por entre a imensidão das encostas da Amarela à perfeição divina do Soajo. Para tal basta que estejamos dispostos a ouvir, sentir e ver o que estas magnificentes paisagens têm para nos dar.

Este percurso leva-nos a percorrer as paisagens humanizadas da Serra do Gerês e os seus vales profundos, entre os socalcos da Ermida que não precisam de ser comparados com paisagens de outras paragens até aos alcantilados graníticos da Roca de Pias e os pináculos que tocam o céu no alto de Arrocela.


Iniciando na aldeia de Ermida e seguindo o percurso da GR50 Grande Rota da Peneda-Gerês, vamos percorrendo as suas estreitas ruas até deixar a cidadela para trás. Tirando partido das indicações que foram colocadas pelos baldios, podemos fazer pequenos desvios e visitar o Alto da Vela, regressando ao traçado da GR50 que nos leva a percorrer a Encosta da Rajada e os Carvalhos Traz dos Vales, seguindo pelo topo do Peito dos Cancros e depois o topo do Peito da Cilha, chegando depois à Cascata da Rajada.

O percurso vai seguir por um carreiro agarrado à encosta das Sobreiras Bastas, flectindo para a Chã Grande e seguir para a Tribela. Daqui, descemos à Ponte das Servas para passar o Rio Conho e subimos para o Pinhô, enveredando depois vale adentro. O percurso, bem marcado pelo intenso pisoteio do Verão, vai-nos ajudar a percorrer a encosta acima das margens do Rio Conho até chegar ao Poço Azul.

Para lá da loucura do Verão, a tranquilidade do Poço Azul e o som das águas correntes do Rio Conho convidam a um descanso antes de continuar o carreiro já na margem direita do rio que mais adiante será atravessado por duas vezes antes de chegarmos ao Curral de Entre-Águas. Este curral antecede o final do vale por onde corre o Rio Conho numa zona formada pela junção da Corga Giesteira e da Corga das Cerdeiras, nas imediações da Cilha da Lameira.

Chegados a este ponto, e perante a imensidão da paisagem que nos abraça, inicia-se a trepada da Corga de Giesteira através de um carreiro bem assinalado com mariolas e ao longo do qual a paisagem vai-se afundando atrás de nós, merecendo uma paragem contemplativa de quando em vez. Tendo à nossa direita a Encosta do Cando, o percurso vai-nos fazendo «vencer» a corga até chegar ao colo junto da Arrocela. Daqui, o horizonte leva-nos desde as paredes da Roca Negra passando pela Quina do Meio e Rocalva, Roca de Pias, Estreito e alto de Pradolã. Atrás de nós, estreita-se o vale que nos leva ao Curral de Giesteira para os lados do Arado.

Prosseguindo o percurso, vamos passar pelo Curral de Coriscada e descer pela Corga do Urso, passando ao lado do Curral de Giesteira em direcção ao Miradouro do Arado e depois Ponte do Arado. Seguindo pela estrada de terra batida, vamos bordejar a Roca seguindo já o percurso da Grande Rota da Peneda-Gerês que se abandona mais adiante para seguir o traçado do Trilho do Sobreiral da Ermida passando pelo Alto da Carvalhinha e Coxos, chegando mais adiante ao ponto de partida na aldeia da Ermida.

Ficam algumas fotografias do dia no qual fui acompanhado pela Laika...














Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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