quinta-feira, 15 de agosto de 2013

O Verão e o lixo no Parque Nacional


A história repete-se todos os anos, a praga do lixo invade os recantos do Parque Nacional como uma gripe sazonal que nos afecta todos os anos. Felizmente, e tal como acontece para a gripe, existe uma cura fácil para o problema... ou melhor existem várias curas.

A mais simples seria o Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG) ou as câmaras municipais da área do PNPG disponibilizarem a quantidade suficiente de recipientes para a recolha do lixo. Certamente que isto resolvia o problema e já ouvi muitos comentários de visitantes do nosso parque nacional a referirem o facto de não verem esses recipientes em abundância. No fundo, esta solução equivale a termos alguém que nos esteja sempre a limpar o cú quando vamos cagar... puro, duro e simples!

De facto, a solução mais simples para o problema está dentro de cada um de nós se fossemos totalmente conscientes dos locais que visitamos (e não me refiro somente ao PNPG, mas a todas as áreas protegidas e a todos os locais de veraneio neste país). Infelizmente, está no sangue e nos genes de muito boa gente ser porca. Aparentemente, gostam de viver na imundice ou então gostam de transformar as casas dos outros num antro de imundice e badalhoquice. Ele é garrafas de plástico, papéis, sacos de plástico, cuecas, fraldas descartáveis onde alguns deixam parte do cérebro, latas, latinhas e latonas, pacotes de cigarros, comida podre, fruta podre, geleiras abandonadas, solas de sapatos, chinelos rebentados, tudo e mais alguma coisa pode ser descoberta nas bermas das estradas, amontoadas em torno de caixotes de lixo ou escondidas atrás de pedras à espera que alguém os vá tirar dali.

Os culpados? Se calhar somos todos nós... uns porque deixam ficar o lixo, outros porque o deixam na montanha, outros porque não apontam a situação por receio de uma confrontação, etc... No fundo, é a nossa formação cívica que não existe, num ensino para as estatísticas e numa educação básica que não é feita em casa.

Porque não existem recipientes suficientes para o lixo? Há alguns anos, poderíamos encontrar no PNPG grandes recipientes feitos em madeira para a recolha do lixo. Hoje, a maioria desses recipientes desapareceu porque o PNPG segue a política de que aquela área protegida não deve ser um repositório de lixo e que as pessoas devem ser responsáveis pelo lixo que criam, recolhendo-o e transportando-o para foram da área protegida. Assim se explica o reduzido número de recipientes para o lixo. Infelizmente, isto só funciona se as pessoas tiverem uma cultura ambiental da qual ainda estamos a anos-luz de distância e enquanto que esta formação não for feita a montante, irá sempre existir este choque entre aqueles que gostam de ver o verde da floresta e os outros que insistem em ter a floresta e a Natureza como um repositório do lixo que criam.

Fotografia: © Rui C. Barbosa

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