segunda-feira, 26 de agosto de 2013

O paradigma da limpeza florestal no PNPG


Há uns dias atrás vi um responsável da Protecção Civil muito indignado a referir que as matas não são limpas e que o Estado, na sua omnipresença, fazia tudo o que devia para evitar a catástrofe anual dos incêndios. Não é que o Sr. em questão não tenha razão, há por aí muita mata privada que se fosse devidamente limpa (e não é só a «limpeza da Páscoa») evitava muito incêndio que pelo Verão faz parte integrante da nossa paisagem.

No entanto, quando se fala da maneira que aquele Sr. falou convém olhar para cima e ver como é o seu telhado. Falemos do exemplo que o Estado nos dá ao limpar «as suas matas e florestas» e como tal dou o paradigma existente no Parque Nacional da Peneda-Gerês.

Após os incêndios de 2010 muita terra queimada restou nas serranias do Gerês à vista de todos. Terra queimada e não só... Nos meses que se seguiram, as encostas afectadas por um dos incêndios foram rapadas de todas as árvores queimadas e não queimadas, restando uma paisagem desoladora que levará anos e muitas plantações, para que sejam recuperadas (isto se as invasoras não tomarem o lugar primeiro que é quase de certeza o que vai acontecer). No entanto, após a remoção das madeiras mais economicamente viáveis restaram os pequemos galhos e ramos que para a industria madeireira não têm qualquer utilidade. Ora, como é política do Parque Nacional intervir o menos possível na paisagem, deixando que a Natureza faça o serviço, toda essa carga térmica em potência está espalhada pelas inúmeras encostas de várias das serranias.

Porém, o caso torna-se mais grave ao constatarmos que o problema não se limita a essas zonas. Na Mata de Albergaria e nas suas zonas limítrofes o cenário é igual, isto é, encostas cheias de árvores caídas e ramagens secas, verdadeiros rastilhos de pólvora à espera que um demente qualquer apareça para que depois os Sr.s da Protecção Civil possam vir para a televisão dizer que afinal os culpados disto tudo são os pobres dos portugueses que já não lhes chega durante todo o ano arcar com a culpa de algo que não fizeram para depois terem de ouvir uns iluminados apresentar teorias que desabam como baralhos de cartas quando se trata das propriedades do Estado ou sobre as quais o Estado regulamenta. Esta é a mesma mata para a qual pagamos uma taxa de 1,50 euros para que o estado possa lá fazer intervenções na sua protecção mas que na verdade canaliza o dinheiro para um saco sem fundo escondido num misterioso ministério numa das ruas obscuras de Lisboa.

...seria bom colocar umas asas nos submarinos, não?

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