Com a alvorada às 6h50 (hora local), depressa se preparou a sala para o pequeno-almoço e pouco tempo depois já caminhavamos. Na parte inicial da marcha surgiram duas ascensões simples que nos conduziram até à Horcada L'Arenera e daqui em meia encosta até junto do Diente de Urriello e da Corona El Rasu. A paisagem que se vislumbrava perto destes pontos era epicamente abismal tendo o proeminente Picu Urriellu como característica central. O nosso objectivo ficava no fundo do vale na Vega Urriellu e tinhamos de descer. Para tal usamos a Brecha de Los Cazadores, uma valente greta na montanha que nos permitiu de forma segura descer os metros suficientes para voltar ao nosso trilho que nos levou até ao refúgio.
Depois de aceder ao refúgio e após a nossa inscrição, arrumadas as mochilas, preparamo-nos para a jornada da tarde. A distância caminhada pela manhã havia sido curta e como tal dispunhamos da tarde para completar o objectivo de se atingir os Horcados Rojos e talvez a Peña Vieja já para lá da Cabana de Verónica.
Entretanto foi possível observar algumas equipas de escaladores já a meio da ascenção ao magnífico Urriellu numa progressão lenta e segura. O tamanho daquele guardião tornava insignificante a escala do corpo humano perante tamanha possança.
A segunda jornada do dia foi assim iniciada em direcção ao Hou Los Boches passando inicialmente pela Garganta do Hou Sin Tierre com a vista para a Torre del Pomelo. Aqui, o trilho flectiu para a esquerda passando na parte final do Canal de Llebaniegu. Continuando a fácil progressão parramos na base de Los Campanarios e entramos na Garganta Los Boches que nos levou ao Hou Los Boches. Daqui a ascensão para os Horcados Rojos foi feita por uma parede na qual a progressão era auxiliada por cabos embutidos na rocha.
Nesta fase decidi não acompanhar os companheiros de caminhada. Faltava-me a confiança suficiente para subir (e principalmente) descer aquela parede. Foi mais prudente não me colocar em risco e muito menos colocar em risco a equipa que com entusiasmo iniciou a subida em direcção ao seu objectivo. Fiquei por momentos sozinho junto a um 'jito' (mariola) no centro daquela imensidão rochosa dominada pelo silêncio e pelo calor que já se fazia sentir. O contorno dos seus corpos ia desaparecendo à medida que se afastavam e subiam em direcção ao colo superior da montanha, perdendo a definição das cores em contraste com as rochas. A certa altura eram somente pequenos pixels nas fotografias. Chegados ao topo era tempo de eu regressar ao refúgio Urriellu e ali aguardar o regresso dos companheiros de caminhada. Regressei pelo mesmo caminho que havia percorrido minutso antes.
Chegado ao refúgio foi tempo de preparar o almoço e passar o resto da tarde a maravilar-me com a descida de dois escaladores que pridentemente haviam decidido não continuar a ascenção até ao cume. Descendo em rapel, os dois homens foram superando os obstáculos que iam surgindo na descida e assim proporcionando um entretenimento na tarde daqueles que se encontravam espalhados pela base do Urriellu.
Com os regresso dos cinco companheiros foi tempo de preparar a noite, preparar o dia seguinte, jantar e finalmente descansar...
1 comentário:
Parabéns Rui, nem sempre se tem a "coragem" de admitir que não se realizou determinada "etapa". Infelizmente muita gente confunde bom senso ou prudência, com cobardia... (Não quero dizer que não foram prudentes os teus companheiros)
Já anteriormente durante a tua formação de guia decidiram, optar por regressar mais cedo devido ao nevoeiro.
Abraço!
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