A noite foi de um merecido descanso e de um sono para restabelecer forças. Adormeci embalado pelo som do vento que soprava forte e da chuva que insistia em cair, mesmo sabendo das previsões de céus limpos para o dia seguinte. E foi assim que o dia começou, com céus limpos.
Havíamos encontrado três montanhistas espanhóis com um conhecimento enciclopédico dos Picos da Europa e felizmente para nós, dirigiam-se para o mesmo objectivo que haviamos estabelecido. Despertamos cedo e conforme combinado, após o pequeno-almoço, iniciamos a nossa marcha. Esta foi feita a um bom ritmo com necessárias paragens regulares estabelecidas pelos nossos «guias»; a montanha não é lugar para se ter pressas. Isto foi gratificante para mim pois para além do necessário esforço físico para transportar a minha pesada carga, o esforço psicilógico para vencer as recordações de acidentes anteriores na montanha quando passavamos em declives acentuados tendo somente o ar e as rochas para amparar a queda, era por vezes muito forte.
Logo após abandonarmos o Refúgio Diego Mella caminhamos às Las Colladinas passando ao lado da Torre de Las Minas de Carbón e da Torre Casiano de Prado, passando no Hoyo de Los Llagus em direcção à Torre Branca, à Torre Sin Nombre e à Torre del Llambrion. Ao longe a Cabana Verónica e ao fundo a Torre do Horcados Rojos e a Aguja Bustamante. Chegados à Collada Branca sobre os Hoyos Sangrentos, viamos ao longe o Pico Tesorero (ou das Três Provincias). A paisagem é quase indescritível com os picos calcários a rasgar o céu azul. Com uma temperatura magnífica e uma brisa refrescante chegavamos a um patamar sobre o Hou Los Boches passando perto do Pico Arenizas e chegavamos á Horcada de Cain (ou Arenizas Baja) já no final do imenso Canal de Dobresengros. Bordejamos a Torre del Oso seguindo em direcção à Horcada de D. Carlos (Arenizas Alta) e descemos para o Hou Cerréu já à vista do Picu Los Cabrones. Passando ao lado do Hou Negro entravamos no Hou Los Cabrones e atingiamos o nosso objectivo, o Refúgio J. R. Luege (Refúgio Los Cabrones).
Para mim foi esta a estapa mais dura dos quatro dias, tanto a nível fisico como a nível psícilógico. Seria muito mais complicado ter feito esta jornada se tivesse conhecimento antecipado de alguns locais por onde passariamos, mas no final resta a satisfação de ter percorrido um dos trilhos seculares dos Picos da Europa e de ter contemplado paisagens que de outra forma não o teria conseguido fazer.
Mais uma vez confesso que não sou sabedor das designações da maioria das características geográficas dos Picos da Europa e todos os nomes que aqui aparecerem terão sido retirados dos mapas e livros publicados, assim não pensem que por ter aqui muitos nomes bonitos e estranhos que domino as reentrâncias destas montanhas.
1 comentário:
quero lá voltar ;)
foram 4 dias magníficos; com 4 magníficos montanheiros
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