Termino hoje a reprodução dos textos do Dr. Ricardo Jorge com os quais pretendia em 1891 traçar uma história das Caldas do Gerês. Estes textos foram publicados nesse ano na obra "Caldas do Gerez - Guia Thermal" e são uma primeira aproximação, que chamarei de académica, para um traçado histórico da vila termal.
Para manter o rigor do texto, decidi não o adaptar ao português actual mantendo assim as características da nossa língua mãe em finais do Século XIX.
"(...)
Mercê dos perseverantes esforços d'aquelles que com sacrificio proprio tomaram a peito o valer e estas multiplas desgraças, o governo resolveu empregar medidas salvadores. Em 88, o ministro das obras publicas d'então o conselheiro Emygdio Navarro assumia para o estado a posse da serra, abandonada até então ao vandalismo ignaro dos povos gerezianos, e installava nas Caldas um posto florestal que tem procedido com louvavel zêlo á conservação e replantação das matas, apezar das investidas barbaras da populaça. Ao mesmo tempo o ministro do reino o conselheiro José Luciano de Castro, tendo préviamente retirado á camara de Terras do Bouro a superintendencia thermal, abria concurso para adjudicação das aguas medicinaes, impondo a edificação de thermas condignas das famosas nascentes. De honra lhes seja aos dois estadistas, o terem firmado os decretos que promoveram a grande reforma do Gerez.
D'esta novissima phase, apenas iniciada atraves dos mais espinhosos obstaculos, perante os quaes só não sossobra uma força excepcional de vontade, não nos compete a nós sermos chronistas. Que d'essa crise beneficia o Gerez se volvana «hygeia dos enfermos e no eden da villegiatura portugueza» é nossa firme esperança."
Fotografia: © Rui C. Barbosa
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