Continuo a reprodução dos textos do Dr. Ricardo Jorge com os quais pretendia em 1891 traçar uma história das Caldas do Gerês. Estes textos foram publicados nesse ano na obra "Caldas do Gerez - Guia Thermal" e são uma primeira aproximação, que chamarei de académica, para um traçado histórico da vila termal.
Para manter o rigor do texto, decidi não o adaptar ao português actual mantendo assim as características da nossa língua mãe em finais do Século XIX.
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A Hydrochimica do Gerez estaca a pedir trabalhos rigorosos de laboratorio; em 1885 executavam-se nada menos de duas analyses completas das aguas.
E emquanto medicos e chimicos se ocupavam das nascentes thermaes, os naturalistas exploravam a fauna e a flora. O illustre zoologista Barbosa do Bocage descrevera já a famosa cabra-montez, que só no Geres tem o seu habitat; o eminente botanico Julio Augusto Henriques, depois de muitos annos de trabalhos, oredenava a Flora gereziana na sia memoroa - A vegetação da serra do Gerez (1885); e Alfredo Tait, o destincto amador, de continuo fas as suas inextimaveis colheitas, e acompanha ao Gerez os grandes naturalistas extranhos, que atrahidos pela fama historico-natural da serra a teem visitado curiosamente, como Corder de Norwich, Gadow de de Cambridge, e Semproth de Leipzig.
Na haute-volée thermal teem perpassado representantes illustres da aristocracia, da politica, da finança e da magistratura, do prefessorado e da imprensa; e todos os annos, ou em artigo de periodico ou capitulo de livro, veem a lume impressões e notas sobre o Gerez.
Este movimento attractivo da villegiatura gereziana teve a sua alta consagração na visita da familia real em Outubro de 1887. Nunca nos recessos do Gerez pizaram principes; honras reaes só agora as conquistava. O mallogrado monarcha e todos os seus, depois de treze dias de festas, excursões e caçadas, sahiram extasiados e saudosos da encontadora montanha. D. LUIZ I tomava sob a sua protecção decidida a estancia thermal, resgatando gloriosamente uma divida secular, em aberto desde o seu terceiro avô.
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Fotografia: © Rui C. Barbosa
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