terça-feira, 26 de dezembro de 2023

Trilhos lá fora - Caminhada a Santa Eufémia

 


Esta foi a última caminhada de 2023 iniciada na Serra do Gerês, partindo da Portela do Homem em direcção ao alto de Santa Eufémia, Serra de Santa Eufémia, num total de 21,7 km.

Deixando a Portela do Homem, segui na direcção da Chã de Calvos e depois pelo topo da Lomba de Calvos, já no lado galego. A caminhada seguiu os imensos caminhos florestais abertos nas encostas, passando por A Espera Fria, Penedos Rubios e pelas Eiras de Pedra. A paisagem sofre, toda ela, os efeitos devastadores dos fogos florestais que por ali deflagraram há vários anos, com os matos a começar a recuperar por entre as encostas graníticas e arenosas.



Seguindo pelo Xesteiro das Eiras, o caminho levou-me então a Chan de Onás e Castelo de Aradas, seguindo então na direcção no Alto de Santa Eufémia (com os seus 1.107 metros de altitude) passando ao lado do Castelo de Lavías que visitaria no regresso.

O Alto de Santa Eufémia oferece-nos uma paisagem magnífica, vislumbrando-se a raia galega ao longo da Serra do Gerês, o imponente Vale do Rio Lima e as vertentes da Serra Amarela, antes do nosso olhar se alargar para a Serra de Soajo e Serra da Peneda. De salientar, a profundidade do Vale do Rio Cabril, verdadeiro oásis de vida selvagem e uma das zonas de protecção ímpar no Parque Nacional da Peneda-Gerês. Por outro lado, as vertentes graníticas e agrestes que guardam o Alto de Santa Eufémia, são monumentos geológicos únicos.

As imediações proporcionam também alguns enigmáticos conjuntos de ruínas e um património toponímico de interesse.




Após uma curta paragem, segui em direcção a Chan de Onás (passando pelo Castelo de Lavías), prosseguindo para A Canda ao longo da margem esquerda da Corga da Canda. O caminho percorre toda a corga em ambas as margens até se dirigir para Onde Morreu Martinho, seguindo depois para a Corga da Fecha da Abella e daqui para Cabanas de Calvos, cruzando mais tarde As Xeadelas e Lama de Picón, antes de subir para a Portela do Home, terminando então esta jornada.

Algumas fotografias do dia...













Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Previsão meteorológica para Nevosa/Carris (26 de Dezembro a 2 de Janeiro)

 


A chuva irá voltar às Minas dos Carris entre 27 e 29 de Dezembro.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

Cabeçalho 2024

 


Como é tradição nos últimos dias no ano, apresento hoje o novo cabeçalho do blogue para 2024.

A nova imagem que irá acompanhar as actividades deste blogue no próximo ano é mais uma vez um fantástico trabalho gráfico de Alexandre Matos baseado numa fotografia de época e numa outra da sua autoria.

Fica aqui o meu profundo agradecimento ao Alexandre Matos por mais este magnífico trabalho.

Fotografia © Alexandre Matos/Rui Barbosa (Todos os direitos reservados)

Paisagens da Peneda-Gerês (MCCLVIII) - Homens de granito

 


As peculiares formas do granito na Serra do Gerês tendo por companhia a Lua em fase crescente.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

domingo, 24 de dezembro de 2023

Boas Festas e Próspero 2024!

 


O blogue Carris deseja Boas Festas, Feliz Yule e um Próspero Ano de 2024!

Minas dos Carris em finais de 1981

 


O Pedro Cid agraciou-me com uma fabulosa prenda natalícia ao enviar-me estas fotografias históricas das Minas dos Carris datadas de finais de 1981!

Nas suas palavras, "envio estas fotografias mostrando uma ida aos Carris no final do ano de 1981. Julgo que lhe interessará ver que os postes (e linhas) de telefone de serviço à mina ainda lá estavam por essa data."

As fotografias são um notável testemunho histórico que decidi partilhar com os leitores do blogue Carris, sendo assim a prenda deste Natal de 2023.

Um profundo agradecimento ao Pedro Cid pelo envio das fotografias.





Fotografias © Pedro Cid (Todos os direitos reservados)

sábado, 23 de dezembro de 2023

Nataneiro 2023

 


E de novo se cumpriu a velha tradição do Nataneiro, na Serra do Gerês. A tradição é cumprida em memória de Geresino cuja história foi revelada nuns escritos em papiro, encontrados na mais bela serra de Portugal, que relatam a velha tradição perdida nas brumas do tempo.

Celebra-se com uma caminhada matinal por entre as penedias e veredas, desta feita regressando ao Pé de Cabril. Café, natas... outras coisas para cimentar amizades e definir uma maneira de estar na montanha.

Dizem haver uma tradição parecida, mas com bananas, mas é apenas uma imitação, como muitos que por aí andam...

Fotografia © João Pereira (Todos os direitos reservados)

Previsão meteorológica para Nevosa/Carris (23 a 30 de Dezembro)

 


Depois de uns dias «amenos», chegará a chuva e o frio... e talvez a neve, mas nada de ilusões por enquanto.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Trilhos seculares - O Peito de Escada, o Cabeço do Cantarelo e a Costa de Sabrosa

 


Neste dia decidi-me por uma caminhada de alturas e de conquistar alturas. Assim, iniciando na Albergaria junto dos velhos viveiros das trutas dos Serviços Florestais, segui em direcção a Ponte Feia e daqui até às imediações da Ponte de S. Miguel. Antes de atravessar a ponte, tomei um carreiro que me levaria até ao início do Peito de Escada, na margem direita da Ribeira de Monção.

Com o fim de Vilarinho da Furna e da ocupação do território por parte da vezeira desta aldeia, muitos carreiros existentes na Serra do Gerês e na Serra Amarela vão desaparecendo, tomados pela vegetação que ocupa o seu lugar. Por outro lado, a memória dos Homens vai-se perdendo e dissolvendo com a passagem dos anos, e os velhos carreiros vão caindo no esquecimento mesmo daqueles da terra.


Um destes exemplos é a subida do Peito de Escada. «Brevemente» posta a descoberto por um incêndio florestal que há uns anos varreu a encosta sobranceira à Mata de Albergaria vindo dos Prados da Messe, o carreiro permita uma subida mais confortável e menos exigente para os Prados Caveiros por parte dos pastores de Vilarinho da Furna. A presença de toscos muros de sustentação e de troços timidamente lajeados, indicam a importância daquele caminho para a comunidade. Com o desaparecimento de Vilarinho da Furna e o fim da utilização dos Prados Caveiros como local de pernoita dos pastores, a Natureza acabou por tomar conta do caminho.

O velho carreiro pastoril sobe a encosta pela margem direita do Ribeiro de Monção, levando-nos a ganhar altitude num serpentear suave. Do outro lado do vale facilmente se reconhece alguns dos locais por onde passa o carreiro que trepa a Costa de Sabrosa em direcção aos Prados da Messe.


A certo ponto, a paisagem começa a abranger a parte inicial do Vale do Alto Homem, Vale de S. Miguel, Portela do Homem, além da Costa de Varziela, Pena Longa, Mata de Albergaria e o começo da albufeira de Vilarinho das Furnas... a barragem! Por várias vezes conseguimos ver o que resta do trabalho de consolidação do caminho para os pastos de altitude com a presença de muros e lajes no chão.

Terminada a subida mais acentuada, chegamos a Lamas da Escada e a partir daqui o percurso torna-se mais plano até chegar aos Prados Caveiros. Aqui impera o silêncio e a tranquilidade, além dos ecos do passado e da sensação de se estar quase num local sagrado. Nos Prados Caveiros mergulha-se na tranquilidade da montanha! Os Prados Caveiros são daqueles locais na Serra do Gerês onde parece que sentimos uma presença para além de nós, quase como se a Natureza viva nos quisesse falar ou fazer sentir o quão especial aquele local é.


A caminhada não ficaria por ali e perante mim, e com a banda sonora do silêncio da serra por estes dias, eleva-se uma colossal escadaria granítica que há que vencer, ou merecer vencer. Em silêncio, como que para não despertar um titã adormecido cuja cabeça parece ser representada pela proa de uma embarcação petrificada, pela arca bíblica, que ali repousa depois de um cataclismo que foi moldando estas serras. À medida que se vai subindo, a escadaria parece que se vai mostrando, como se de alguma forma fosse ganhando o prémio ou merecendo a condescendência do gigante colossal adormecido. 

E finda a escadaria que vence o titã, chego ao topo e de repente o horizonte expande-se para lá até onde consigo vislumbrar. O Vale do Homem abre-se, imenso, na paisagem rasgado no fundo pelo rio que pelos milénios se afunda no granito, moldando-o. A antiga estrada mineira curva-se e ziguezagueia como uma serpente nas Curvas do Febra e o Modorno marca a entrada para outro mundo. Tudo é grande! Tudo é imenso! Tudo é a Serra do Gerês, que ali vislumbro como o mais belo local da criação do Universo!



O desgastado marco triangulado marca o topo do Cabeço do Cantarelo e faz-me lembrar da rudeza destas montanhas. A Serra do Gerês pode ser pequena em tamanho, mas enorme no seu ser! Quem a pensa como um conjunto de montanhas fáceis, não a conhece, não a respeita!...

Por momentos, que agora me parecem tão curtos, fito o imenso que se abre perante mim. Todo o homem e toda a mulher deveriam, em algum momento das suas vidas, ter a oportunidade de serem agraciados com um momento de contemplação perante tal magnitude. É o Gerês em toda a sua pujança. Se nas paisagens de Fafião, o Gerês flecte os seus músculos, aqui grita o seu esplendor!

As profundas corgas marcam o Vale do Homem, alimentam-no de vida e vigor. Estreitam-se e aprofundam-se na paisagem, quase que impenetráveis. A Encosta do Sol alonga-se até se encontrar com os domínios do Vale do Teixo e para lá, para as terras do Barroso onde o marco geodésico dos Carris assinala a entrada num Mundo Maravilhoso.



Outros horizontes mostram a bela Soajo, difusa ao longe e encimada pelo Alto da Pedrada. O Outeiro Alvo e o Cabeço de Anamão definem os limites da nobre Peneda, e a silenciosa Amarela guarda bem guardados os segredos e a dor de Vilarinho.

Foi então hora de encetar o regresso passando pela Lomba de Cantarelo e descendo para os Prados da Messe, passando junto da ruína da velha casa dos Serviços Florestais. Nos Prados da Messe, os momentos de descanso e repasto por entre um profundo silêncio de Outono num dia frio, mas com um céu esplendoroso de azul.

O regresso ao ponto de partida foi feito descendo a magnífica Costa de Sabrosa passando pela Lameira das Ruivas.

Ficam algumas fotografias do dia...
















Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)