sábado, 3 de junho de 2017

251... Minas dos Carris com o Parque de Campismo de Cerdeira


E que boa maneira foi esta de encerrar mais uma época de caminhadas guiadas às Minas dos Carris com o Parque de Campismo de Cerdeira. Um dia fantástico de montanha que começou um pouco nublado e assim trouxe algum mistério aos cumes alcantilados do Vale do Alto Homem.

Ao longo do percurso, História e Natureza de mãos dadas na descoberta do vale e dos seus recantos. Maravilhamo-nos com a passagem pela Fonte da Abilheirinha e as suas histórias do contrabando. escutamos os relatos dos regastes invernais nas Minas dos Carris no lugar na Água da Pala, antigo viveiro florestal, bem como as histórias dos abrigos escondidos na outra margem do Homem. A passagem pelas Curvas do Febra depois da imponência da Corga do Cagarouço e a chegada à magnífica varanda natural sobre o rio quando dobramos a curva do Modorno. Ainda aqui, elevamos os olhos às alturas da Água da Laje do Sino e entramos nos domínios do Teixo, com as suas histórias de carvoeiros, antes de chegarmos à Ponte das Águas Chocas e mais tarde à Ponte das Abrótegas junto do curral com o mesmo nome. Vimos as orvalhinhas junto do Curral de Cabana Nova (ou do Conde de S. Lourenço) antes de iniciarmos a subida final pela Corga da Carvoeirinha.

Os participantes tiveram depois oportunidade de visitar as ruínas do velho complexo mineiro e de escutar algumas histórias das diferentes épocas da mineração.

Fechamos assim mais uma época de caminhadas. Em nome pessoal e do Parque de Campismo de Cerdeira, um agradecimento especial a todos aqueles que ao longo destes meses tiveram a curiosidade de visitar a Serra do Gerês e as Minas dos Carris em particular. Em Outubro voltamos...

Algumas fotografias do dia...

Álbum de fotos.





































Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Paisagens da Peneda-Gerês (CLXXXIII) - Parque Nacional da Peneda-Gerês


Uma alegoria ao Parque Nacional da Peneda-Gerês.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Paisagens da Peneda-Gerês (CLXXXII) - Garranos nos Carris


Apontamento inultrapassável na paisagem Geresiana, os garranos são um exemplo da riquíssima fauna do território do nosso Parque Nacional.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

A vida nas Minas dos Carris: dura e mortal


Nos nossos dias a actividade mineira atinge aspectos que nos impressionam. Todos nós já teremos visto num momento ou outro, imagens dos mineiros a abandonar a boca da mina. Os seus rostos cerrados e cansados ou o sorriso branco que se destaca no rosto negro da poeira mortal que cobre as suas faces e contamina os pulmões. Actualmente, as condições de trabalho são ainda arriscadas e os acidentes vão acontecendo com mais ou menos frequência. Imagine-se então há dezenas de anos atrás onde a procura cega do volfrâmio e a consideração pela qualidade de vida do operário mineiro era inversamente proporcional à riqueza que os grandes senhores do volfrâmio iam acumulando.

Dura, mortal e deixando marcas para a vida, era assim a vida nas minas e todas estas características eram aumentadas pelas duras condições de vida que na Serra do Gerês adquiriam particularidades extremas. As condições meteorológicas na Serra do Gerês por vezes fizeram sublinhar a dureza do trabalho naquela zona. As temperaturas desciam vários graus abaixo de zero como recorda Virgílio de Murta Brito, “Lembro-me do frio na Mina dos Carris, embora, pela roupa que usávamos e como pode ver por algumas fotos com neve, pareça que não era assim tanto. Aí pelas sete e meia da manhã, nesta época do ano (referindo-se ao mês de Fevereiro), quando tomava o pequeno-almoço com o nosso «meteorologista», tenente Silva Pereira, ele sempre me informava que a temperatura estava entre menos 6ºC e menos 8ºC, e que o termómetro de máxima e mínima existente no nosso «observatório» marcava, às vezes, menos 17ºC, durante a noite, claro... Isto quando o vento e a neve lhe permitiam acesso ao local, para verificar. Eu não sei se o tenente informava os Serviços Meteorológicos Oficiais e se haverá ainda dados arquivados.”

Apesar de estarem alertados para os perigos na mina, muitas vezes eram os próprios operários que se arriscavam em situações evitáveis mas que o fulgor da idade ia camuflando. Augusto Vieira recordou, “nesse dia fui trabalhar para a lavaria e o meu comer ia para o fundo da mina. De repente eu fui ao poço mestre para avisar para ficarem com a minha marmita, que era numerada, e depois mandaram-na para a lavaria. Desde onde entravamos para a mina, onde se tinha de entregar um cartão numa secção no qual era anotado o nosso número, até à zona de trabalho não havia luz. Eu entrei por ali dentro sem luz, pois estando a trabalhar na lavaria não tinha necessidade do gasómetro e quando cheguei a certo ponto não se via nada. De repente, ouço as vagonas a aproximaram-se de mim e tive de me encostar à parede o máximo que podia, encolhendo-me todo contra a pedra. Mas eu não cabia lá, e chegando a primeira vagona levei uma pancada que me entalou contra a parece. Felizmente, quem vinha a empurrar as vagonas apercebeu-se e veio ajudar-me a sair daquela posição sem grandes mazelas.”

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)