quinta-feira, 1 de abril de 2010

Trilhos Seculares - Pé de Cabril pela Junceda (IV)

Pé de Cabril, 28 de Março de 2010

De regresso às edições habituais após uma paragem forçada de alguns dias para mudança de fornecedor de serviços de Internet, trago-vos hoje as fotografias da mais recente actividade promovida pelo Blogue Carris com a ascenção ao Pé de Cabril no passado dia 28 de Março.

Esta actividade, devidamente autorizada pelo Parque Nacional da Peneda-Gerês, percorreu seculares trilhos na Serra do Gerês e fez-me regressar a uma zona pela qual já não passava há uns bons anos. A paisagem que o Pé de Cabril nos proporciona, mesmo sem a ascenção ao seu topo, é de cortar a respiração. A Serra do Gerês ergue-se perante nós, altiva, desde a Portela de Leonte até ao Borrageiro. Percorrendo a cumeada com o olhar, vemo-nos perante a imensidão dos espaços.

Não temos as grandes altitudes dos Pirinéus, dos Alpes ou de outras grandes cordilheiras europeias, e fugindo de uma quase artificialidade da Serra da Estrela, a Serra do Gerês provoca ao visitante das alturas as sensações que não se conseguem descrever com palavras. É algo que nos percorre a alma no momento, é um sentir e um estar naquele lugar perante a imensidão, a força da natureza.

Ao contrário do que previramos, iniciamos a caminhada junto do parque de estacionamento da Junceda e passamos logo de seguida pela velha Casa Florestal, entrando no Trilho da Silha dos Ursos. Seguimos em direcção á Tojeira e entramos nos Prados pouco depois. Aqui, o Pé de Cabril passou a dominar a paisagem como um objectivo que nos desafiava.

Chegando ao sopé do grande promontório granítico, e após largos momentos de contemplação transcendental da paisagem, iniciamos a primeira tentayiva de atingirmos o cume. A incursão foi pela face Este, mas a presença de neve e gelo tornaria a progressão muito complicada levando até a uma descida difícil. Foi por este lado que havia atingido o topo do Pé de Cabril pela primeira vez. Voltamos para a face Oeste e procuramos um acesso mais fácil. Este surgiu-nos marcado com mariolas e a subida tornou-se muito mais fácil. Por entre a vegetação rasteira, passando por debaixo de grandes pedras como que transpondo uma passagem secreta para outra dimensão, o caminho para o cume estava coberto em algumas zonas pela neve dos últimos dias e que ainda resistia abrigada pelas sombras do início de uma tímida Primavera.

Após uma ligeira subida, surgiu a confirmação do caminho quando um pouco acima de nós avistamos a via ferrata que abria a passagem para o cume. Com uma hesitação usual da falta de hábito das alturas vertiginosas, conseguimos transpor os metros que nos faltavam e finalmente atingíamos o topo do Pé de Cabril. Mesmo com um céu nublado, a vista abarcava as grandes distâncias. A Serra Amarela, contraforte do Gerês, aguarda a chegada em força das cores primaveris e a albufeira de Vilarinho da Furna desenha um mapa lá em baixo. Olhando para as terras galegas, o olhar percorreu a nacional Mata de Palheiros, destino prometido de uma visita que custa a sair. Cumes, vales, rios e riachos,escarpas e prados marcam a paisagem única que o Pé de Cabril nos proporcionou.

Está já prometido um regresso em Novembro pela Portela de Leonte.

Algumas fotografias...













































Fotografia: © Rui C. Barbosa

3 comentários:

RotasdoBarroso disse...

Olá rui

Grande caminhada um belo sitio que eu ainda não conheço como muitos outros no PNPG.
Aqueles degraus são uma ferrata? ficam onde ?

abraço e boa pascoa

Miguel

Rui C. Barbosa disse...

Olá Miguel!

Sim, de facto são a primeira via ferrata no Gerês (e que eu conhaça a única, tendo-me alguém dito que foi a primeira via ferrata em Portugal).

Fica já a escassos metros do cume do Pé de Cabril.

Paulo Figueiredo disse...

Biba parceiro

Um obrigado por tudo, e que dias como este se repitam por muitos e muitos anos.

Abraço e até breve.
Paulo