Texto da Câmara Municipal de Montalegre
Com 110 metros de altura acima da fundação no leito do rio, a barragem de Paradela foi construída entre 1955 e 1958, após a conclusão dos escalões de Venda Nova, Salamonde e Caniçada entre 1946 e 1955. Constituí, por via disso, o quarto escalão do aproveitamento hidroeléctrico dos rios Cávado e Rabagão. O primeiro enchimento da albufeira até à cota (738,80) ficou concluído em Julho de 1958. O projecto - da autoria da Hidroelétrica do Cávado (HICA), uma das empresas que esteve na origem da EDP - foi inspirado no da barragem de Salt Springs, com 100 metros de altura, construída entre 1928 e 1931, na Califórnia, Estados Unidos.
A última vez que a barragem de Paradela foi esvaziada foi em 1980. Porém, a história desta albufeira já conta com algumas reparações: 1958, 1959, 1962, 1965 e 1971. Com efeito, desde o fim do primeiro enchimento, realizado em Julho de 1958, que se observaram caudais significativos a jusante. Esses caudais chegaram a atingir cerca de 400l/s (24.000l/min). Tendo como objetivo detectar a causa desses caudais anómalos, em meados de Outubro desse ano, procedeu-se ao esvaziamento da albufeira para observação onde foi possível concluir que os deslocamentos absolutos foram relativamente elevados em algumas zonas. Foram verificadas que as anomalias ocorriam a cotas baixas o que provocou sucessivas reparações entre 1958 e 1971.
Porém, a grande intervenção e última aconteceu em 1980. Dado o aumento contínuo dos caudais infiltrados - atingiu valores nunca antes registados - foi aplicada uma membrana de impermeabilização designada "Cesacryl", trabalhos no maciço de fundação e aberturas de drenos e piezómetros para monitorização do comportamento hidráulico da fundação, bem como à injecção das juntas da galeria do muro corta-águas com resinas epóxi. A reparação teve um alto grau de sucesso.
Após 1980, foram levadas a cabo diversas inspecções e reparações pontuais assim como campanhas de investigação para detecção da origem das infiltrações que, decorridas menos de 10 anos, já originavam caudais infiltrados de valor relevante. Assim sendo, em 1982 reparou-se a junta J20, tendo-se reduzido os caudais infiltrados para valores aceitáveis que se mantiveram até 1987. Entre abril de 1987 e Fevereiro de 1988, os caudais aumentaram sucessivamente, havendo sempre uma relação directa entre as cotas da albufeira e os caudais infiltrados. Entre 1993 e 1996 foram realizadas diversas inspecções com vista à detecção das infiltrações, as quais iam crescendo com o tempo. Na última inspecção de 1996, dada a cota a que a albufeira se encontrava, foi possível identificar algumas patologias na cortina de betão e nas respectivas juntas, sendo que todas elas, excepto uma, se encontravam abaixo da cota 691,00, assim como se identificou a existência de depósitos inorgânicos no fundo do vale. Estas zonas foram objeto de tentativas de reparação ainda em 1997 e mais tarde em 2008, cuja manutenção se revelou insuficiente.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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