Os trabalhos recentemente realizados na conservação dos velhos carreiros de pastoreio e das cabanas na Serra do Gerês, proporcionam novas perspectivas de paisagens já conhecidas. Isto por si só já vale a pena a incursão em caminhos os quais sabemos onde nos levam, mas desconhecemos por onde passam.
É esta impressão do «novo», a sensação da descoberta de algo conhecido e a aquisição de novas referências (um acumular de conhecimento e desejos pela montanha), que impele ao relativo desconhecido e nos faz trilhar estes carreiros seculares que em tempos serviram para o homem serrano compor a parca existência de uma vida de dificuldades.
As paisagens, novas a cada sopro do vento, proporcionam aqueles momentos, três segundos, de contemplação que não sendo por vezes transcendental, são um recordar de memórias e um escrever de páginas para recordação futura.
Parte deste percurso já o tinha feito há alguns dias atrás até perto do Curral de Gamil. Após passar o Covelo de Cima, desta vez flecti a Norte bordejando a corga que mergulha na albufeira de Vilarinho da Furna. Quando o caminho começa a se desenvolver para Oeste, a perspectiva sobre a Serra Amarela e sobre a albufeira até à Mata de Palheiros dá-nos uma paisagem soberba. O caminho vai-nos levar a passar quase no topo da Fraga do Sarilhão com as suas histórias de águias e depois vira a Sul em direcção a Redondelo, levando a entroncar no carreiro que vem do Campo do Gerês e seguindo para o Curral de Gamil.
Fotografias © Rui C. Barbosa
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