O Portugal do final do século XIX e princípio do século XX, apresentava-se como um país que se queria modernizar em vários aspectos. Esta modernização passava pela melhoria das redes de comunicação em todos o país com a expansão da rede ferroviária e a abertura de estradas que permitissem tornar o interior subdesenvolvido mais perto do litoral.
Já anteriormente havia feito referência ao projecto de se criar uma ligação por caminho-de-ferro entre Braga e Montalegre que passasse pelas Caldas do Gerês ou mesmo de uma ligação de eléctrico entre Braga e a vila termal. Provavelmente a par destas obras surgiu a ideia de se criar uma estrada trans-geresiana que fosse ligar a Pedra Bela às terras de Barroso. Apenas ouvi rumores sobre este imenso projecto que iria modificar por completo a paisagem da Serra do Gerês e certamente devemos dar graças pelo facto de nunca ter avançado ou caso contrário o Gerês iria transformar-se naquilo que hoje é a Serra da Estrela!
Um outro projecto que certamente iria transformar pelo menos parte da paisagem serrana, era a criação de um grande couto mineiro na Serra do Gerês. Tal como é referido no livro 'Minas dos carris - Histórias Mineiras na Serra do Gerês', este projecto surgiu em finais dos anos 80 do século XX e iria tirar partido da existência das explorações mineiras localizadas em Carris, Cidadelhe, Arrocela e Borrageiro. A estrada iria ligar o actual estradão da EDP que liga a Paradela e o Porto da Lage para a partir das proximidades da Lagoa do Marinho abrir uma estrada que passasse a Poente do Borrageiro e próximo da Corga de Arrocela, a Nascente do Alto de Cidadelhe e fosse entroncar com o estradão mineiro dos Carris junto à Ponte das Abrótegas.
Penso que os trabalhos para a abertura deste estradão chegaram a ser iniciados como se pode verificar junto à Ponte das Abrótegas e a abertura inicial do caminho terá percorrido uma certa distância até junto das Águas Chocas onde deveria «trepar» a corga em direcção a Cidadelhe. De facto, as imagens de satélite existentes no Google Earth permitem-nos observar um caminho bem definido que durante alguma distância entre as Abrótegas e as Águas Chocas segue paralelamente o estradão mineiro.
As preocupações ambientais e a intervenção do Parque Nacional da Peneda-Gerês levaram ao não seguimento deste projecto que sem dúvida iria esventrar partes importantes da área protegida.
Quem diz que o Gerês já não tem segredos escondidos?
As preocupações ambientais e a intervenção do Parque Nacional da Peneda-Gerês levaram ao não seguimento deste projecto que sem dúvida iria esventrar partes importantes da área protegida.
Quem diz que o Gerês já não tem segredos escondidos?
Fotografia © Rui C. Barbosa
Fotografia © Google Earth
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