terça-feira, 15 de janeiro de 2013

192... Acto Terceiro 'Por entre o gelo e memórias'

Carris, 13 de Janeiro de 2013

Não sei explicar... para mim é como se fosse sempre a primeira vez, e cada vez a sensação é mais forte quando lá volto. As perspectivas são sempre diferentes, coisa que sem dúvida torna o lugar especial. Mais especial fica envolto num silêncio gelado, aqui e ali cortado por um vento frio que nos enregela a alma.

Dobrando a neblina está sempre uma memória e não é difícil que nos surjam no pensamento ideias de como seria viver naquele lugar nestas condições. Então, dizem, era um frio que nos entrava nos ossos e nos fazia doer a alma. A mina, a mina era um buraco quente e húmido do qual se saia depois de entrar sem ver o Sol... quanto mais sentir o seu calor. O frio cá fora até lhes fazia querer não voltar ao dormitório. Aqui regressados, era um enroscar debaixo de pesados cobertores... O frio, entrava nos ossos e fazia doer a alma... e lá fora, o vento gritava por entre os cantos das paredes e zumbia pelos cabos fora como um animal enraivecido por não ter morto um daqueles homens como que num grotesco ritual à montanha!

O frio, entra nos ossos e faz doer a alma...


























Fotografias © Rui C. Barbosa

Sem comentários: