sexta-feira, 4 de outubro de 2024

"Oh 'Mãenhe', o senhor multou-me!"

 


Hoje, depois de aceder de novo ao portal participa.pt onde «decorre a discussão pública» do Programa Especial do Parque Nacional da Peneda-Gerês e do Regulamento do Gestão, deparei-me com «somente» 12 participações públicas no mesmo.

Acredito que este número possa, e certamente irá, aumentar nos próximos dias até à data de encerramento de dia 15 de Outubro, mas não deixo de ficar um pouco espantado pelo reduzido número de participações.

Baseado num Programa Especial medíocre, o Regulamento de Gestão será a ferramenta que irá substituir o actual Plano de Ordenamento do Parque Nacional da Peneda-Gerês.

Este é um regulamento muito restrito para a visitação do nosso único parque nacional e é mais uma tentativa de implementar, mas de forma mais subtil, as intenções que já estavam presentes antes da aprovação do actual Plano de Ordenamento.

O Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG) é um território moldado pela presença do Homem ao longo dos últimos milhares de anos, antecedendo a chegada das legiões romanas. Desde o seu começo, o PNPG sofreu das intenções extremistas da protecção de quem não conhece o território que foram ainda mais extremadas ao longo dos anos. A fraca relação com as populações locais, é um triste sinal dessa má relação que se perpetua ao longo dos anos e que sem dúvida será prejudicada com este Programa Especial e com este Regulamento de Gestão onde são estabelecidas regras incompreensíveis de visitação, ao mesmo tempo que se fecha os olhos às actuais obras ridículas a decorrer (Fecha de Barjas e leito do Rio Laboreiro) e ao verdadeiro forró do Verão.

Para que se tenha uma ideia das restrições impostas pelo novo Regulamento de Gestão, o mapa a seguir mostra os percursos que poderão ser utilizados nas actividades de visitação (mesmo quando aconselhados a alterar alguns destes trajectos, como, por exemplo, a ligação entre a Portela do Homem e Pitões das Júnias), os técnicos do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas preferiram fazer ouvidos moucos e continuar a aconselhar um percurso que coloca em risco que o utiliza.


Assim, para evitar que mais tarde se queixem à mãezinha, convinha o quanto antes participarem no futuro do Parque Nacional da Peneda-Gerês, lendo a proposta que foi criada e fazendo «escutar» a vossa voz com sugestões para que no futuro aquela área protegida não se transforme num couto de poucos.

Fotografias © ICNF

2 comentários:

Francisco Ascensão disse...

Já fiz participação a referir em força a questão dos percursos autorizados para visitação serem extremamente limitados e ainda por cima numa cartografia paupérrima com uma escala que até mete graça. Há algum ficheiro GPx com os percursos que eu não saiba? Perguntou-me se há mais alguém a frisar o ponto da pernoita quando enquadrado numa atividade de pedestrianismo ou a questão de se definir prazos para áreas de intervenção específica

Rui C. Barbosa disse...

A ausência de qualquer referência à pernoita é, de facto, estranha. Para além da informação dada nos documentos, não há qualquer outro ficheiro com os percursos.

Os prazos para as áreas de intervenção específica devem ser outros 12 anos até ao próximo Regulamento, pois é preciso muito dinheiro para se fazer aquilo.