terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Trilhos seculares - Subida ao alto do Compadre

 


Desde a primeira vez que tive nas mãos uma carta topográfica da Serra do Gerês, e mais precisamente a Carta n.º 31, que fiquei fascinado com a variedade toponímica existente neste território. Não só o saber a razão dos topónimos, mas por vezes chegar ao de mais fácil acesso, foi um objectivo traçado desde então. Não um daqueles objectivos de vida, mas um objectivo que quando pudesse ser atingido, o seria.

Alguns pontos foram visitadas há já muitos anos, outros passaram-se anos a dizer "da próxima vez, subo até ali!" E os anos foram passando, e os altos ali têm ficado sem serem visitados. Desta vez chegou a hora de subir ao Compadre, passando pela sua extensa moreia.


A caminhada iniciou-se junto da conduta que leva a água da Corga do Sobroso para a Barragem de Paradela, subindo a longa Corga da Abelheira até chegar a Entre Caminhos. À vista do Alto do Bezerral, desci para a margem direita do Ribeiro Dola percorrendo-a até entrar no Corgo das Lamas do Compadre. 

O carreiro ali existente passa pelo caos granítico da Moreia do Compadre. Situadas no sector Oriental da Serra do Gerês, estas acumulações de blocos graníticos, designadas por moreias, são originadas pelo movimento dos glaciares. A moreia lateral do Compadre, a mais extensa do Norte de Portugal, tem uma extensão de cerca de 1 km. 


A certa altura, e com os caminho já pouco pisoteados pelo abandono daquelas paragens, iniciei a subida para o alto do Compadre que nos proporciona uma paisagem ímpar sobre os vales adjacentes. No seu topo, uma curiosa forma circular marca o local da existência de um velho marco geodésico, agora desaparecido.

Após a descida do Compadre, passei pelo Curral de Lamelas de Baixo e segui pelo Corgo de Lamelas na direcção do Curral das Rochas de Matança. Curiosamente, existirá aqui alguma confusão relativamente à designação destes currais. Se a Carta n.º 31 dos Serviços Cartográficos do Exército assinalam o topónimo como "Corgo de Lamelas", as cartas dos Serviços Florestais designam aquela zona como "Valongo" e o estreito vale por onde desci como "Corgo de Valongo". Assim, seria também legítimo designar os dois currais ali existente como "Curral de Valongo de Cima" e "Curral de Valongo de Baixo". As designações são pertinentes, pois de facto o alto de Lamelas fica muito mais a Norte e a designação de "Lamelas" é dada ao pequeno vale entre o alto do mesmo nome e o Pico da Nevosa. De facto, o Ribeiro de Lamelas tem a sua nascente nessa chã de pastoreio e corre afastada dos currais que surgem designados como "Lamelas de Baixo" e "Lamelas de Cima".


Antes de chegar ao Curral das Rochas de Matança, tomei um carreiro que fez a ligação com outro que, vindo dos Currais das Negras, fez-me seguir na direcção do Castanheiro. Não subindo ao marco geodésico do castanheiro, segui pelo Alto das Eiras e passei a nascente da Ribeira da Fecha do Castanheiro em direcção ao Espigão da Lama de Pau, descendo depois para a estrada florestal na Chã de Suzana que segui até ao ponto de partida.

Ficam algumas fotografias do dia...


























Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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