A seca persistente que há já muitos meses assola o nosso país, mais cedo ou mais tarde iria trazer a certeza de que as paisagens que estamos habituados a ver, iriam sofrer uma alteração.
Enquanto que as encostas da serra de tornam secas e amarelas, as fontes secam e o ar é quase irrespirável, o Vale do Homem vê o nível das águas da Barragem de Vilarinho das Furnas a descer de forma considerável.
Assim, o fluxo de turistas que procuram as paisagens de Instagram sem darem o verdadeiro valor àquilo que vêm, cresce de forma exponencial. Da mesma forma, cresce o desrespeito pelo local, com a violação do silêncio e o derrube das últimas pedras na ânsia do melhor clichê fotográfico. Repete-se a paisagem triste de Aceredo e estupra-se Vilarinho.
Assim, neste dia, e por entre o silêncio da manhã, percorri parte da margem esquerda da albufeira procurando memórias que não são minhas. Caminhando pelas encostas mortas e secas, cheguei a Palheiros através de um Rio Homem em agonia. O regresso fez-se pela Estrada da Geira ainda sem muito pó...
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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