domingo, 3 de fevereiro de 2013

193... Carris, em dia frio

Carris, 3 de Fevereiro de 2013

Não é que precise de uma razão para visitar as Minas dos Carris, mas a caminhada de hoje tinha uma razão especial. Algo me esperava lá em cima, deixado escondido por entre as rochas e o gelo. "Não vais acreditar nisto, mas pela primeira vez em muitas décadas, uma encomenda dos CTT foi entregue nas abandonadas e desoladas minas dos Carris no Gerês." Dito isto, não era preciso muito para me decidir a percorrer de novo o caminho até às minas em busca da minha encomenda. Por outro lado, as condições do local faziam com que houvesse uma certa urgência em ir lá recolhê-la ou então a humidade e a chuva tratariam de começar a fazer das suas.

Foi um dia com algumas nuvens altas e vento. O vento!!! Um vento frio que rasgava a pele e estilhaçava o crânio, e que fazia por vezes imaginar o tormento que não seria naqueles dias de labuta nos píncaros serranos. A montanha encontrava-se coberta de branco com a humidade a condensar em cristais de gelo que faziam tudo parar no tempo. Muita neve ainda resiste à passagem dos dias de chuva e agora com a chegada do Sol. O gelo, adorna as velhas portadas, portas e janelas, vazias de gente e cheias de memórias que vagueiam sem cessar por entre o granito ao sabor do vento gélido. A terra está dura, gelada, como que preparada para outros dias de frio que ainda possam chegar... ou talvez não.

O silêncio é profundo quando se faz escutar no sossego do vento que revolteia intensamente por entre as fendas nas paredes. Por vezes, o vento é tão forte que arranca pedaços de gelo enfraquecido pelo parco calor do Sol, arremessando-o ao chão.

Encostado à parede de granito e abrigado do vento, contempla-se a paisagem montanhosa pintada aqui e ali por pesados pedaços de neve dura enquanto se saboreia um café quente que aquece a alma e adoça o espírito com dois pãozinhos de leite comprados logo de manhã. São estes momentos que marcam os dias. Logo ali, ao escasso calor do Sol, folheava o meu novo livro. No entanto, a leitura teria de ficar para mais tarde pois o frio e o fim do sossego, marcariam a ocasião. Uma passagem pela lavaria e pelo Salto do Lobo, e rumava a casa... Na descida uma curta conversa com dois montanheiros; calorosa saudação!









Fotografias © Rui C. Barbosa

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