sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Trilhos seculares - Pelo Castanheiro, pela Lamalonga


Hoje entramos no que poderemos chamar o Gerês profundo; aquele Gerês selvagem que está longe do rebuliço dos roteiros de veraneio e dos automobilistas de fim-de-semana. De hoje destacam-se as paisagens de grandes espaços e o silêncio solene de um «solo sagrado» por natureza.

O abeirar do abismo e o abrir os braços ao vento leva-nos por tempos idos de velhas minas, de velhas eiras e currais perdidos na imensidão do granito que compõe uma paisagem familiar, mas que esconde segredos imemoriais. Por momentos, parece que escutamos os passos calmos do pastor que calcorreia a imensidão da serra ou pelo canto do olhar vemos o passar ligeiro da rapina, do pequeno pássaro e desejamos ver ao longe o velho lobo que guarda as memórias de outros tempos.

A Serra do Gerês é montanha pequena se comparada com as grandes cordilheiras europeias, mas ganha-lhes em mistério, em presença, em altivez...

Começamos a caminhar já tarde com o carro na Chã de Suzana. Seguimos o trilho marcado pela grande mariola e fomos ganhado caminho, passando pelo Alto das Portas do Castanheiro. O cume do Castanheiro ia ganhando altura à medida que nos aproximávamos e lá do seu alto deixou-nos ver a presença da Nevosa, marcando a sua posição como senhora alta do Norte de Portugal. Baixamos em direcção ao Vale da Ribeira das Negras, mas não sem antes passarmos pelo Alto do Moreira. Depois de passar a ribeira visitamos os dois currais ali escondidos, os Currais de Matança (informação do leitor Jorge Lopes). Ladeando a Matança, que ficava à nossa esquerda, chegávamos ao Curral de Lamalonga onde descansaríamos e retemperaríamos forças para a jornada seguinte.

Depois do descanso, percorremos toda a escombreira da Lamalonga e começamos a subir em direcção à Sesta de Lamalonga. Seguimos por breves momentos na cumeada e passamos novamente para o Vale da Ribeira das Negras deixando assim para trás os domínios da Lamalonga com os seus garranos. Alguns minutos mais tarde e muitas paisagens depois, chegávamos à Lage dos Bois. À nossa esquerda abria-se a imponente Corga de Sabrosa e à nossa direita a Ribeira das Negras transformava-se no Ribeiro do Penedo. A paisagem à nossa frente era marcada pelo Espigão da Lama de Pau. Aqui, começamos a descer pela Corga do Gargalão e após passarmos o ribeiro seguimos em direcção ao estradão que rasga a paisagem para lá da Lage dos Infernos até ao Porto da Lage.

Foi um dia bem passado em boa companhia, por trilhos seculares.

Ficam algumas fotografias...











































Fotografias © Rui C. Barbosa

5 comentários:

TiXa, Xarah e Xavier disse...

Belos registos caríssimo!

Abraço
Xavier

Lírio disse...

Olá Rui!

A última cabana que está publicada na foto , chama-se cabana do Pinhedo e foi recentemente recuperada pela Comissão da Vezeira do Ferral, com a finalidade de fazer uma surpresa ao último vezeireiro daquela localidade, e também para não deixar apagar as memórias de um passado orgulhosamente conservado pela actual comissão e o povo Geresiano!

jorge lopes disse...

Os dois currais existentes na ribeira das negras entre lamalonga e matança são conhecidos como currais de matança, existe um curral mais abaixo que é conhecido como curral da volta da cuba.

Rui C. Barbosa disse...

Caro Jorge,

Muito obrigado pela informação!!

Abraço!

Rui C. Barbosa disse...

Caro Jorge,

Suponho que o acesso ao Curral da Volta da Cuba seja mais fácil pela parte sul do vale?