Respeitando os limites, a viatura ficou na Bouça da Mó, por isso a partir dali foi a pé. Caminhando com cuidado para nos equilibrarmos no gelo que em alguns locais merecia uma atenção redobrada, lá fomos vencendo os pouco mais de 4 km até Albergaria, passando pelo Bico da Geira (pedreira romana) 'Milha XXXI', Vale de Porcos, Volta do Covo 'Milha XXXII', Balsada, até chegarmos à Ponte do Rio Maceira em Albergaria. Nunca tinha visto tal paisagem e a cada curva no caminho a surpresa de algo de novo, irrepetível, inesquecível. Os pequenos detalhes da neve nos retorcidos ramos, faziam o espanto do grupo e a quase vulgaridade do caminho noutros dias constituía um cenário memorável naquela hora.
O grande desafio iniciava-se então, ter de vencer o trilho que ziguezaqueava pela Costa de Varziela. A cada metro conquistado, significava mais uns quantos centímetros de neve. Foi uma subida quese cansativa, não fosse o facto de a paisagem em redor nos absorver por completo. Tomando atenção às marcas do caminho chegavamos ao Alto de Varziela de onde contemplavamos o Peito de Albergaria, toda a Costa de Maceira e a Costa do Morujal encimados pelos Carris de Maceira e o Pé de Medela. Do outro lado, toda a imponência da Serra Amarela com as torres do Muro na Louriça.
Caminhando em cenários de contos de Tolkian, tal como uma irmandade em busca dos segredos escondidos na neve e nos recantos da montanha, avançavamos por entre formar esculpidas pelo vento na neve. Chegavamos então ao Curral Velho e ali ficou a promessa de voltar para descobrir outros caminhos, outros trilhos seculares. Depois do Curral Velho iniciamos a descida para a Ponte do Rio Maceira e entrando na estrada nacional, onde os inconscientes automobilistas e turistas de fim-de-semana se aventuravam na condução, descíamos para Albergaria, local do repasto. Findo este, regressavamos à Bouça da Mó.
E assim foi, mais um dia na mais bela de todas as montanhas de Portugal.
Fotografias: © Rui C. Barbosa
2 comentários:
Olha Rui acho muito interessante o que ultimamente andas a procurar ( os trilhos seculares ), esses é que devem de ser os verdadeiros e genuínos trilhos não? Pouco sei deles e ainda bem que alguém demonstrou curiosidade e disponibilidade para o fazer. força!
Olá Lírio!
A Serra do Gerês esconde segredos que nem imaginas. Já descobri coisas perdidas que nem nos livros aparecem e que são verdadeiros achados para ajudar a escrever sobre e a história da Serra do Gerês.
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