domingo, 2 de maio de 2010

151 - IIª Arqueoexpedição às Minas dos Carris (I)

Carris, 2 de Maio de 2010

Teve lugar a IIª Arqueoexpedição às Minas dos Carris entre os dias 30 de Abril e 2 de Maio. O principal objectivo desta expedição foi o de levar a cabo acções de levantamento relacionadas com a referenciação dos edifícios das Minas dos Carris.

Partindo da ponte sobre o Rio Homem junto da cancela de acesso ao estradão que percorre o Vale do Alto Homem por volta das 22h10, a caminhada até ao complexo mineiro dos Carris demorou cerca de três horas chegando por volta das 1h10 do dia 1 de Maio. A caminhada foi feita á luz dos frontais em sua grande parte, exceptuando o percurso entre as Águas Chocas e a parte final da Corga da Carvoeirinha. A montanha iluminada pelo luar, deixava-se ver nos seus contornos e detalhes facilitando assim a progressão natural. Envoltos pelo profundo silêncio da noite foi com satisfação que começamos a ver os contornos negros dos edifícios mineiros contra o céu estrelado. Mesmo tempo, pois a neblina acabaria por cair sobre Carris tornando assim o nosso horizonte muito mais curto.

Chegados a Carris a noite finalmente caia para nós e era então chegada a hora do merecido descanso. O primeiro dia da expedição foi curto mas o segundo começou bem cedo e ainda com Carris envolto nas nuvens que passavam rapidamente, humedecendo a paisagem mas proporcionando cenários edílicos momentâneos que rapidamente se escapavam ás objectivas das cãmaras fotográficas.

Tinhamos uma lista de 30 edifícios para identificar seguinte uma relação de Setembro de 1953. Mesmo assumindo que tiveram lugar várias alterações durante a terceira fase de exploração das minas e que alguns edifícios terão desaparecido ou sido transformados (ou mesmo tendo-se construído novos edifícios), o números de construções no complexo mineiro e a sua eventual utilização não teria mudado muito. Assim, aquilo que encontramos hoje nas Minas dos Carris está praticamente inalterado, em termos de configuração final dos edifícios existentes, desde 1953.

No final dos trabalhos conseguimos identificar e / ou confirmar 90% das ruínas dos edifícios existentes. A tarefa mais difícil foi identificar os edifícios que então eram construídos em madeira. Apesar destes terem alicerces em alvenaria deverão ter sido desmantelados em finais dos anos 50 do Século XX, altura em que o complexo mineiro se encontrava com a lavra suspensa em todas as suas concessões. Um bom exemplo disto terá sido a Casa para o Pessoal Superior da Mina construída em madeira (pré-fabricado) sobre uma base de alvenaria. A Cozinha de serventia a esta casa foi construída em pedra e coberta a lusalite, sendo hoje quase sempre confundida com uma pequena capela e sendo uma das ruínas mais peculiares do complexo mineiro. Não existem memórias deste edifício pré-fabricado nos anos 70.

Após uma noite mais fria do que a anterior, o dia acordou novamente nublado mas rapidamente as nuvens acabaram por se dissipar. O terceiro dia da expedição destinava-se a obter registos de volframite e molibdenite na área da concessão mineiro do Salto do Lobo. No entanto, a surpresa deste dia não veio do complexo mineiro em si. Ao longo de todo o tempo uma manada de garranos obtinha o seu refúgio por entre as ruínas e uma das éguas estava no tempo final de gestação. Assim, o terceiro dia começou com uma nova criatura que horas após o seu nascimento procurava refúgio junto da mãe. Cambaleante nas sua frágeis patas, o pequeno garrano 'Carris' procurava seguir a manada que lenta e calmamente pastava na erva fresca no complexo mineiro.

Regressamos á Portela do Homem pouco depois das 14h15 do dia 2 de Maio e pelas 16h55 já assistíamos no final do caminho às desordenadas peregrinações domingueiras ao Gerês e ao estacionamento anárquico e desordenado na estrada nacional até à Portela do Homem.

A primeira série de imagens do dia 1 de Maio de 2010.



















Fotografias: © Rui C. Barbosa

1 comentário:

joca disse...

Parabéns Rui.

Muitas subidas aos Carris!
Um abaraço,
Louro