quinta-feira, 25 de dezembro de 2025

Paisagens da Peneda-Gerês (MDXCVI) - Pé de Cabril e a Quelha dos Olhos Caveiros

 


A neve havia sido anunciada no dia anterior. Pela noite, os primeiros flocos de neve surgiam tímidos entre os pingos da chuva e mostravam-se à luz da iluminárias. O cenário compunha-se nos muros da aldeia que acordaria silenciosa, tipicamente silenciosa coberta de branco, como "nos grandes nevões de outrora!"

A paisagem da Serra do Gerês, escondida pelos véus das nuvens cinzentas carregadas de humidade, compunha-se de tons plumbeos, ora mais claros, ora mais escuros, numa dança açoitada pelo vento. O frio tolhia os corpos que caminhavam tropegos pelos velhos carreiros que nos levaram ao sopé dos espigões do Pé de Cabril. Já na descida para a Portela de Confurco, o olhar fixou-se na dança das cortinas nebulosas que por vezes deixavam passar o Sol e os contornos da montanha surgiram em tons de cinza a pintar um cenário dos mundos fantásticos de Tolkien. O Pé de Cabril elevava-se no horizonte próximo como um titã e a Quelha dos Olhos Caveiros surgia como uma memória do passsado onde a serra era conhecida pelo seus nomes.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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