Subida ao Coto do Osso desde a Sra. da Peneda com passagem pelo velho Curral de Felgueira Ruiva e descida pelo Carvalhal de Tieiras.
A caminhada começou junto do Santuário da Sra. da Peneda e após cruzar a aldeia, encosta acima pelos seculares caminhos dos romeiros da Peneda. O vale vai-se tornando largo à medida que vamos subindo e as edificações da aldeia encolhem-se perante o agigantar dos maciços que guardam as encostas. A Meadinha ganha outro tamanho quando comparada com as dimensões humanas e a grandeza da serra mostra-se perante um céu polvilhado de nuvens cinzentas.
O caminho serpenteia serra acima por entre um pinhal que ladeia a Corga da Pontinha, levando-nos ao Salgueiral e entrando por breves espaços na Corga da Ferrea e chegando depois ao Curral de Felgueira Ruiva. Aqui, vemos as ruínas do seu velho abrigo pastoril e um olhar mais atento irá reparar ainda nos restos de um outro abrigo que se localizava um pouco mais a Norte quase no centro da chã.
Abandonando o carreiro que nos levaria à Veiga Longa, enveredamos pelas penedias percorrendo o topo da Corga de João Toledo e chegando ao Mosqueiro do Coto do Osso e Veiga de Manjão Frio, antes da pequena trepada (depois vimos que era desnecessária) para o topo do Coto do Osso. Este alto proporciona uma bela paisagem sobre a Chã da Matança e os píncaros agrestes de Matança, na paisagem rochosa da Serra da Peneda, alongando-se o olhar para os Montes de Laboreiro e para as lonjuras do Xurés, sendo a certa altura bem definida a forma do Vale do Rio de Vilaméa até às Sombras.
Descendo do Coto do Osso, seguiu-se sobre a Portelinha em direcção ao Mosqueiro da Favela, encetando-se então a descida para a Chã da Matança onde encontramos as ruínas da Casa do Soajo.
Pelas palavras de Paulo Costa, sabemos um pouco mais sobre esta ruína: "de igual modo interessante para que se consiga uma melhor compreensão da totalidade do fenómeno “Soajo”, como seja o apreender da sua importância no tempo histórico, e as tensões determinadas pela propensão desta localidade para, de algum modo, impor o seu domínio sobre o território confinante, vem a ser a leitura da excelente publicação da Professora Elza Carvalho, de seu título: «Lima Internacional: Paisagens e Espaços de Fronteira Volume 1». Lê-se ali: “À “vila” do Soajo pertencem os poulos de Chã da Cova e Chã da Cabeça, na serra do Soajo, de Felgueira Ruiva e Chã da Matança, na serra da Peneda, isto é, na cabeceira divisória das bacias dos rios Peneda e Laboreiro. “ E continua-se mais adiante: “O poulo “mais idoso”, ou melhor, aquele que teria sido mais frequentado, em tempos antigos, logo, imemoriais, seria o de Felgueira Ruiva, em que, além dos cortelhos, haveria muitas lapas aproveitadas, como abrigo pelos pastores. Contudo, nos inícios dos anos sessenta do século XX, os residentes da "vila" incidiram a sua atenção na Chã da Matança ao construírem com materiais modernos, que incluiu a telha, uma casa, a casa do Soajo, logicamente para abrigo dos pastores, marcando assim, os seus direitos de utilizadores de pastagens alvo de acesas polémicas multisseculares, nomeadamente, com os habitantes dos Ribeiros. A construção de esta casa causou um certo impacto, para não dizer, “respeito” e “estupefacção” nos habitantes, quer dos Ribeiros, do Baleiral, da Peneda e mesmo de Tibo, a avaliar pelo modo, como ela nos foi referenciada e descrita, no Verão de 2003, por um grande número de moradores de estas localidades. Assim, por exemplo, residentes em Tibo referiram-se a esta construção como uma casa nova, que os moradores do Soajo tinham edificado para alojamento dos pastores, mas que foi destruída, pelas gentes dos Ribeiros. E continuando: “O facto de os da Vila de Soajo terem direitos sobre locais tão longínquos como a Felgueira Ruiva e Chã da Matança (poulos), confirmará algum tipo de superintendência pelos moradores do Soajo, resquícios dos tempos da Montaria Real.”"
Deixando a Chã da Matança para trás, iniciou-se a descida para o Carvalhal de Tieiras, e passando no velho Viveiro de Tieiras, entrando-se no traçado da GR 50 Grande Rota da Peneda-Gerês que nos levaria ao ponto de partida passando pela Casa Florestal de Tieiras, por Ana Malva, pelo fundo da Corga de Cruz Nova e finalmente ao Santuário da Sra. da Peneda.
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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