quinta-feira, 21 de junho de 2018

Minas dos Carris - O porquê de um topónimo?


Fernando Silva Cosme, no seu livro "Pela Serra do Jurês e ao Longo da Jeira - História da Toponímia" diz-nos que "Quanto a Carril e Carris, Cândido de Figueiredo cita-os como provincianismo beirão e transmontano significando 'caminho estreito, carreiro'. Devem ter tido este sentido o Carril de Corujeira de Riucaldo e os Carris de Paredes de Covelães, que são num sítio onde agora passa a estrada mas antes havia aí muitos carreiros. No Jurês Carril também indica um rego e Carris, no plural, passou a designar uma mina de volfrâmio em virtude de ser comum nelas explorarem o minério lavando o terreno através da abertura de carris 'regos para neles meter água e pôr à vista o volfrâmio". Na plataforma mais alta da Serra do Jurês encontram-se, com este sentido, os simplesmente Carris e Carris de Maceira, conhecidos desde há muitos séculos e explorados durante a última Grande Guerra."

A explicação do autor de "Pela Serra do do Jurês e ao Longo da Jeira" é muito confusa e na verdade não explica o porquê do topónimo naquele local, parecendo até que a designação surge devido aos carreiros (carris) abertos para a descoberta de volfrâmio. Não concordo com tal explicação! Isto não explica de todo a origem dos topónimos 'Carris de Maceira' e 'Carris de Fontaíscas' (ou 'Carris de Fontriscas').

Em "Minas dos Carris - Histórias Mineiras na Serra do Gerês", refiro que "Uma das teorias acerca da origem do nome ‘Carris’ surge devido à possível existência de dois afloramentos paralelos que fariam lembrar os trilhos (carris) de um caminho-de-ferro. Porém, serei mais da opinião de que o topónimo 'Carris' surge do grande número de trilhos de montanha (carril) que se juntariam não muito longe do pico serrano que hoje ostenta esse orónimo. O Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia Ciências de Lisboa e editado pelas Edições Verbo em 2001, define um «carril» como um caminho estreito, carreiro ou atalho. A zona é salpicada por um grande número de fornos e abrigos de montanha que numa pequena área atinge mais de 50 construções. Não é possível explicar este número somente pela existência das minas (sendo obviamente muitos deles anteriores a estas) e provavelmente as construções terão sido utilizadas não só pelos primeiros mineiros, mas também pelos carvoeiros, pastores, contrabandistas e possíveis peregrinos em deslocação para o São Bento da Porta Aberta ou para São Tiago de Compostela, vindo das terras do Barroso ou das mais longínquas aldeias de Trás-os-Montes. Já na sua obra “Caldas do Gerez – Guia Thermal”  de 1891, o Dr. Ricardo Jorge (imagem em cima) apresenta um mapa do denominado Gerês Florestal onde está assinalado o marco geodésico dos Carris."

As explorações de volfrâmio naquela área remontam ao início dos anos 40 do século XX e como tal não poderia ter sido a actividade mineira a atribuir o nome àquele alto geresiano.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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