terça-feira, 31 de janeiro de 2017

“Minas dos Carris – Relatório Técnico-Económico”


“Minas dos Carris – Relatório Técnico-Económico” foi um relatório elaborado pelo Eng.º Adriano Fernando Barros e pelo Eng.º Rodrigo Viana Correia que a 12 de Fevereiro de 1979 objectivava os trabalhos executados e que se propunha realizar então para a reactivação do complexo mineiro dos Carris.

Segundo este relatório, o projecto havia sido iniciado em finais de Setembro de 1978, tendo começado pela reparação total dos cerca de 10 km de estrada privada entre a Portela do Homem e as Minas dos Carris. Em finais de Outubro iniciavam-se os trabalhos na mina, começando pela reconstrução de parte do acampamento mineiro, instalação de um gerador de 75 kW e respectiva instalação eléctrica no acampamento, e instalação de dois compressores Ingersol-Rand, sendo um destinado ao campo de exploração ‘Salto do Lobo’ e outro ao ‘Filão Paulino’. Na mina, procedeu-se à limpeza de todos os trabalhos mineiros de acesso aos locais de necessidade, começou-se o esgoto do 6º piso e parte do 7º piso com a instalação de duas bombas a ar comprimido, e execução de diversos trabalhos de segurança. Nesta data previa-se que os trabalhos seguintes iriam incidir sobre o acabamento final do acampamento, a instalação de um grupo electrobomba ao nível do entre-piso do 7º piso, montagem de um guincho a ar comprimido na superfície para se investigar o ‘Filão Paulino’, realização de diversos trabalhos de manutenção e segurança, e a reparação da estrada devido a problemas originados pelo mau tempo.

Segundo o relatório, o estudo mineiro proposto apontava para a abertura de uma chaminé de reconhecimento ao nível do 4º piso (no denominado sector N250) para investigar a continuação para a superfície da área mineralizada associada ao ‘Filão Salto do Lobo’. Em resultados dos dados que seriam daqui extraídos, far-se-ia a execução de sondagens para reconhecimento e posterior reabilitação do 2º piso para ventilação e entrada de materiais. No 6º piso seria criada uma chaminé de reconhecimento para investigar a continuação em profundidade da zona mineralizada, seguindo-se a possível reabilitação do 7º piso ao continuar a execução da galeria em direcção.



Em relação ao ‘Filão Paulino’ (a estrutura mineralizada que já fora referida como ponto fulcral para decidir o futuro do projecto), este apresentava à superfície uma zona trabalhada na Segunda Guerra Mundial com trincheiras, um pequeno poço e galeria em direcção junto à superfície. Os trabalhos iriam começar pela limpeza do poço e instalação posterior de um guincho e uma bomba para se proceder ao seu aprofundamento e execução de duas galerias em direcção com o objectivo de se definir a extensão da área. Em resultado dos trabalhos seria executada uma travessa de reconhecimento, que seria a futura galeria de extracção, com uma extensão aproximada de 300 metros, juntamente com duas sondagens de reconhecimento.

O investimento total do projecto seria de 4.298.059$00 com os custos de operação a atingirem os 1.016.897$60.

A Circunscrição Mineira do Norte referia a 14 de Fevereiro que se deveria apoiar a pretensão da concessionária em reabrir a mina. Até esta data, e na verdade mesmo nos meses e anos que se seguiram, pouco tinha sido feito na reabilitação do complexo, com alguns trabalhos estritamente necessários nas infra-estruturas e estando projectados trabalhos de reconhecimento tanto à superfície como no interior. A Circunscrição não havia visitado o jazigo dos Carris, classificando-o como “pequeno” e que não se prestaria a uma exploração em grande escala. Uma informação sobre o plano de trabalhos apresentado, é emitida a 19 de Maio pela Circunscrição Mineira do Norte referindo que se adaptava ao jazigo.

Com alguns trabalhos a serem realizados no complexo mineiro, o projecto vai-se arrastando e a 7 de Fevereiro de 1980 a Sociedade das Minas do Gerez solicita a suspensão da lavra para esse ano da concessão da Corga das Negras n.º 1 referindo que esta não pode ser mantida em lavra activa devido a pretender que fique como reserva da mina do Salto do Lobo onde estariam a incidir todos os trabalhos de lavra. Entretanto, Adriano Barros assume a Direcção Técnica das concessões mineiras a 2 de Junho, com o despacho a autorizar a sua nomeação a ser emitido a 26 de Junho e sendo publicado no Diário da República a 8 de Agosto. O anterior Director Técnico, Rodrigo Viana Correia, é informado desta nomeação a 24 de Junho pelo Engenheiro Chefe da Repartição de Minas.

Em Agosto e Setembro são realizados trabalhos de campo no denominado “Projecto Carris-Cidadelha-Arrocela-Borrageiro” em nome da MINREFCO, projecto este que previa a criação de um grande couto mineiro na Serra do Gerês tirando partido da possível existência de minério suficiente que justificasse o início da prospecção na área da Arrocela e de Cidadelhe, para além da reabertura da Mina do Borrageiro. Este projecto implicava a abertura de uma via que iria ligar o estradão da EDP entre a Paradela e o Porto da Lage, com a ligação a fazer-se entre o Fojo de Alcântara e as Quinas da Arrocela, passando depois por Cidadelha e aí flectindo para a Oeste na direcção do Outeiro do Pássaro baixando depois para as Abrótegas. De facto, ainda hoje se pode verificar a existência de trabalhos para a abertura desta via perto da Ponte das Abrótegas.

Texto adaptado de "Minas dos Carris - Histórias Mineiras na Serra do Gerês", Rui C. Barbosa (Dezembro de 2013)

Sem comentários: