domingo, 2 de agosto de 2015

A Mina de Borrageiros


Nos nossos dias o acesso à Mina de Borrageiros é relativamente facilitado devido à existência de uma estrada florestal aberta pela eléctrica Portuguesa para a construção de algumas mini-hídricas incluídas nos planos de aproveitamento da rede hidrográfica do Rio Cávado. Assim, é-nos um tanto ou quanto difícil imaginar a prospecção mineira naquele local na segunda década do século XX onde os acessos ao interior da Serra do Gerês eram inexistentes ou rudimentares, não permitindo o acesso a veículo motorizados.

"Apesar de próximas e de compartilharem o mesmo veio filoneano, nunca houve uma relação entre os trabalhos realizados na Mina do Borrageiro e nas Minas dos Carris. No entanto, as histórias destes dois complexos mineiros vão-se cruzar em finais dos anos 70 e princípio dos anos 80 quando acabam por ser consideradas como um único campo mineiro.

Para lá dos registos oficiais disponíveis do Instituto Geológico e Mineiro e no arquivo da Circunscrição Mineira do Norte, é difícil escrever a história destas minas devido à ausência de testemunhos pessoais.

O manifesto mineiro para a mina de ‘Borrageiros’ foi entregue na Câmara Municipal de Montalegre a 18 de Setembro de 1916 por José Frederico Lourenço da Cunha, de 32 anos e residente em Caminha, que descobriu naquele local por inspecção de superfície uma mina de volfrâmio e outros metais. O ponto de partida para a demarcação da concessão mineira 949 ficou definido a 300 metros a partir do alto dos Borrageiros medidos no rumo nascente, seguindo até ao Penedo Redondo até ao Ribeiro do Couce e o curso do mesmo ribeiro até à sua nascente, confrontando pelo nascente com o marco geodésico de Chamições (Chamiçais), do poente com Carris, do Norte com Matança e do Sul com Cidadelha  (Cidadelhe). Por endosso, a mina seria cedida a Paul Brandt, cidadão suíço de 37 anos residente no Porto, e a António Lourenço da Cunha, de 43 anos residente em Caminha e gerente da Empresa Hidro Eléctrica do Coura, Lda.  Em Outubro os vários filões são estudados pelo Professor F. Fleury do Instituto Superior Técnico, o qual procede à recolha de amostras que submete para análise pelo Professor Charles Laspierre. Em Novembro, Paul Brandt e António Lourenço da Cunha, requerem o reconhecimento oficial do jazigo. O Engenheiro Chefe de Repartição de Minas, Manuel Roldan y Pego, emite os éditos de concessão a 17 de Novembro, sendo publicados no Diário do Governo a 22 de Novembro.

Sem meios de acesso para viaturas, os trabalhos na mina sempre foram rudimentares e inicialmente executados à superfície. O minério obtido no Verão de 1917 era transportado por muares para a casa do juiz de paz de Cabril, José Maria Afonso Pereira, onde ficava depositado.

(...)"

Texto retirado de "Minas dos Carris - Histórias Mineiras na Serra do Gerês", de Rui C. Barbosa

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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