quinta-feira, 5 de setembro de 2013

E agora?


Com a alteração das condições climáticas que trouxeram uma descida de temperatura e alguma chuva, parece que o pior terá passado por enquanto no que diz respeito aos fogos florestais no Parque Nacional da Peneda-Gerês.

Se 2012 foi um ano calmo no que diz respeito a incêndios, 2013 fica marcado pelos fogos de Fafião e do 'Curral'. Talvez ainda não seja chegada a altura de perguntar o que falhou, mas algumas pistas podem ser lançadas.

Acima de tudo terá falhado a prevenção e se assim foi deve-se perguntar o que se aprendeu com os grandes incêndios de 2010? Pelos vistos, pouco...

Foi com grande alarido que se inaugurou em parte do Parque Nacional um sistema de detecção de incêndios, utilizando sensores de infravermelhos, há poucos meses atrás. O grande problema deste sistema é que de facto detecta, porém não combate e este combate (num território como o PNPG) deve ser feito pelas equipas terrestres apoiadas por meios aéreos.

Pergunta: "Será que se tem feito o investimento suficiente nestas equipas?"...  Pergunta. "Será que se podem pedir mais aos homens que têm de galgar as encostas íngremes para combater fogos criminosos?" Não me parece que haja um investimento suficiente para garantir a segurança a estes homens e muito menos se pode pedir que estes façam mais do que aquilo que fizeram no combate aos fogos.

De facto, estes homens são os verdadeiros heróis e são aqueles a quem se deve «agradecer» pelo facto desta tragédia não ter tomado proporções ainda maiores. Sapadores florestais, bombeiros, GIPS, Vigilantes da Natureza e outros operacionais, todos eles estão a jusante do problema e jamais se poderá pedir responsabilidades a estes homens pelo que fizeram. Combateram um fogo difícil em condições difíceis!

No entanto as responsabilidades devem ser apuradas sem qualquer tipo de hipocrisia. Como começou o fogo? Porque é que só começou a ser combatido àquela hora? Porque é que os acessos estão no estado que estão, impedindo um combate mais rápido ao incêndio? Porque é que se forneceram dados errados sobre o incêndio omitindo a sua correcta localização e o facto de se encontrar dentro do PNPG? Porque é que os responsáveis da Protecção Civil insistem em dizer que o que ardeu foi só 'mato' quando na realidade aquela é uma zona de extrema importância devido à flora ali presente? Porque é que o PNPG ainda não fez um balanço desta tragédia e de outras que têm ocorrido no seu território? Deverá o PNPG ter um estatuto «especial» nestas matérias (ou terá?) e se assim é porque é que se tem de alterar a informação sobre o estado do incêndio havendo o perigo da não afectação de meios aéreos em diferentes condições?

Estas e outras perguntas deverão ser respondidas o mais brevemente possível sem se utilizar a usual táctica de deixar passar o tempo na vã esperança de que este apague as memórias do que aconteceu.

Entretanto, e quando todo o país se deveria unir no combate aos fogos florestais, o Jornal de Notícias mostra-nos esta pérola "GNR proíbe informações à PJ sobre incendiários"... nem sei o que dizer...

2 comentários:

Paulo disse...

Boa tarde,

Quem conhece minimamente a realidade sócio-económica do Gerês sabe a quem interessa os fogos, ou melhor, a quem interessa as queimadas. Não sejamos hipócritas, enquanto houver gado a necessitar de pastagem, haverão queimadas/fogos.

Rui C. Barbosa disse...

Sim, essa será uma parte do «problema». Mas antes disso devemos perguntar porque é que o PNPG não fez fogos controlados este ano para que esse problema das queimadas não acontecesse?