quinta-feira, 9 de junho de 2011

Pedaços de história (II)

Apresento-vos aqui uma pequeníssima parte do meu trabalho sobre a história do volfrâmio na Serra do Gerês e mais precisamente sobre a história das Minas dos Carris. É um trabalho que espero terminar até finais do presente ano e que, com os devidos apoios, poderá estar disponível em 2012.


A história da exploração mineira em Carris


Tentar escrever a história do complexo mineiro que hoje conhecemos pelo nome de Minas dos Carris, é tentar compreender a intrincada conjectura matemática de um novelo enrolado sobre si próprio há muitos anos. Isto é, se no aspecto exterior a história por nós imaginada nos parece uma organização lógica, o que se esconde por dentro são inúmeras histórias de uma época turbulenta tanto a nível nacional como internacional.
Com o mundo envolto numa guerra que se iniciara a 1 de Setembro de 1939 e com as indústrias bélicas a necessitarem de enormes quantidades de matéria-prima, o fornecimento desta ficava sujeito ao jogo internacional. No mesmo dia que o blitz invadia as terras polacas, o Governo de António Oliveira Salazar apressava-se a lavrar uma declaração denominada “A Neutralidade Portuguesa no Conflito Europeu”. Publicada na imprensa nacional a 2 de Setembro, esta declaração sublinhava que as obrigações dos tratados com a Grã-Bretanha, com a qual era reafirmada a aliança, não obrigavam Portugal para o conflito europeu.
Em território português eram inúmeras as concessões mineiras que eram exploradas por empresas que pertenciam tanto aos Aliados como á Alemanha. Segundo F. Nogueira em “Salazar. As Grandes Crises – 1936-1945, p. 351, “Muitas minas de volfrâmio são propriedade da Inglaterra, mas esta não as explora, para assim as manter em reserva, com prejuízo da economia do país onde se encontram, enquanto adquire volfrâmio na Turquia ou na Birmânia; e a Alemanha, sem interesse nas minas, apresentava-se a pagar bons preços e a valorizar uma riqueza portuguesa”. Assim, Salazar ao manter a neutralidade portuguesa evitava a tragédia da guerra no território nacional, o mesmo território que ajudava ao fornecimento da máquina de guerra nazi.
Em princípios de 1944 a Grã-Bretanha aumentava a pressão sobre Portugal para que fosse decretado um embargo total à venda de minério à Alemanha. Apesar da oposição inicial de Salazar, este embargo seria decretado em Junho de 1944. A maré do conflito mundial virou com a entrada dos Estados Unidos da América na guerra e o embargo colocou um ponto final na intrincada rede de entrada de ouro proveniente da Alemanha em Portugal.

Fotografia © José Rodrigues de Sousa / Rui C. Barbosa

3 comentários:

Órion disse...

Rui fico à espera, faço questão de ser um dos primeiros compradores do livro com o teu autógrafo ;)

Abraços

Alice Lobo disse...

Eu não faço questão em ser os primeiros , mas faço questão em comprá-lo :). Boa continuação ...
Cumprs

Nuno disse...

Rui, fantástico trabalho! Sendo amante do Gerês e principalmente do espaço único que são as Minas dos Carris, também quero ter um exemplar!

Abraço