Muitas são as memórias e sensações que ficam depois de visitar a aldeia medieval de Juriz. Podia falar dos tons de cinza, verde e castanho, de um céu azul com pinceladas de branco e um horizonte de chuva, da imensidão da montanha e do quão perto sempre esteve. Mas o que fica depois de caminhar pelos arruamentos de Juriz são as perguntas que muitas vezes nos assombram noutros locais no Gerês. O que aconteceu á aldeia de Juriz? Porque foi abandonada? Porque permaneceu perdida no meio do carvalhal que ao longo dos séculos e séculos se foi lentamente instalando. Nas memórias das pessoas de Pitões ficam as lendas, noutras surgem as teorias que tentam explicar o que teria sido, porque foi e porque se mantém assim.
Já várias vezes havia passado junto das ruínas e já há muito tempo que havia ouvido falar de Juriz, mas esta foi a primeira vez que entrei naquele mundo medieval para tentar imaginar as suas casas com vida, as suas ruas com gente, enfim tentar imaginar um Portugal há muitos, muito tempo que se perdeu... Hoje foi esse dia.
Foi uma iniciativa do blogue MonteAcima que contou com a colaboração do Jorge Louro que nos serviu de guia por entre aquelas pedras cobertas pelo passado.
Luís Fontes faz a seguinte descrição de Juriz: "Povoado abandonado com arruamentos lajeados e vestígios de cerca de 40 casas, de planta geralmente quadrangular e paredes de blocos graníticos mais ou menos aparelhadas, muitas ainda com umbrais e soleiras das entradas. Poderá tratar-se da aldeia medieval de Sancti Vincencii de Gerez referida nas "Inquirições Afonsinas" de 1258, provavelmente abandonada no século XV, tempo de fomes, pestes e guerras. Nunca mais seria reocupada, podendo aceitar-se que tenha sido substituída pela aldeia de Pitões das Júnias. O lugar encontra-se actualmente coberto por um frondoso carvalhal espontâneo, com a vegetação a conferir às ruínas uma beleza pouco vulgar. No extremo setentrional do povoado, no topo de um pequeno outeiro coroado por caos de blocos graníticos, a que a população chama "castelo", identificam-se alguns rasgos que desenham uma planta quadrangular com cerca de 2 metros de lado, vestígios que poderão corresponder a uma pequena atalaia. Um pouco mais longe, cerca de 1,5 km para Sudeste, fica o mosteiro de Santa Maria das Júnias. Em termos arqueológicos conserva-se tudo em bom estado."
Começamos a caminhar em Pitões das Júnias e seguimos pelo caminho que nos leva através do Carvalhal do Beredo. Logo antes de chegar à zona de merendas, fletimos a Norte seguindo um sulco que marca o ancestral caminho de acesso a Juriz.
Juriz vai surgindo por entre os carvalhos com as suas pedras cobertas de musgos. A forma quadrangular das habitações e a sua disposição leva-nos de imediato a nos apercebermos da organização do povoado, sendo evidentes os seus arruamentos. Juriz impressionou-me também pela sua dimensão, pois esperava encontrar a aldeia agrupada numa área mais pequena.
Passando Juriz, é interessante visitar o castelo, ou pequena atalaia, que certamente servia de defesa à face Norte do povoado. São notórios os entalhes no granito que certamente em tempos terão servido de suporte às defesas ou muralhas de madeira.
E fica assim na memória Juriz; como que um local místico na Serra do Gerês. Um local onde, se fecharmos os olhos, conseguimos escutar os sons do passado distante...
3 comentários:
boa rui, desvendas-te um misterio que assombrava todos os que por ali passavam, e que nao sabiam o que teria acontecido á aldeia velha de Juriz. obrigada por partilhares informações tao preciosas. ;)
Olá!!!
Não diria que tenha desvendado o mistério de Juriz, pois a sua história tem vindo a ser falada ao longo dos anos. No entanto a curiosidade foi espicaçada pelo Pedro Balaia e pelo Jorje Louro que já em tempos tinha escrito no seu blogue "Notas para o meu diário", algo sobre a aldeia (http://asnotasparaomeudiario.blogspot.com/2008/05/aldeia-velha-do-juriz-sancti-vicencii.html) e que despertou a curiosidade.
IGREJA DO Castelo. SLDEIA VELH do Juriz.. igreja:pirque foi local de culto pagão.
Castelo porque foi atalaia de defesa da tribu...
Tem no cimo um penedo altar com talhas de escorrimento dossacrificios e uma escadaria muito tosca de acesso ao mesmo.
Por perto junto ao ribeiro da Abelaira.acham-se escorias de ancestral mineração.
Tem as fisgas perto : "santuario" inacecivel ao gado e bom para os bichos silvestres...
O javali é um farto manancial.
Os primeiros arqueologos do PNPG.que ciceroneei ao local.referiram que eram tão tosco o entalhe nas rochas que seria eventualmente pré-Cristo eu associo um paralelusmo com o culto do Endovelico na Rocha da Mina ,Alandroal e defendo que poderacter sido culto do endovelico nesta trobo da idade do aferro.
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