Continuo a reprodução dos textos do Dr. Ricardo Jorge com os quais pretendia em 1891 traçar uma história das Caldas do Gerês. Estes textos foram publicados nesse ano na obra "Caldas do Gerez - Guia Thermal" e são uma primeira aproximação, que chamarei de académica, para um traçado histórico da vila termal.
Para manter o rigor do texto, decidi não o adaptar ao português actual mantendo assim as características da nossa língua mãe em finais do Século XIX.
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Veiu-lhe no encalço Fr. Christovão dos Reis, botanico da Nossa Senhora do Carmo em Braga. O pharmaceitico-botanico, como elle se intitula, tudo quanto investigou de simplices e aguas, estampou-o nas sua curiosas Reflexões methodico-botanicas (1779), que teem por portada o Gerez, ao qual o carmelita descalço presta toda a primazia na serie hydrologica do paiz.
Boas especies historicas, minudente directorio dos clientes, regime de banhos e aguas, rol dos indicantes e prohibentes das caldas, eia a materia dos seus capitulos, entre os quaes se contam, ainda que dôa á memoria do pobre frade, a alchimia grotesca d'uma analyse phantastica da crase hydrologica. A A gua de Santa Luzia deve ao irmão Christovão a sua reputação de collyrio para os olhos pirélas.
Ao mesmo tempo que se affirmavam os creditos das aguas, reduzidos a escripta, devassavam-se as brenhas do Gerez, ticas de thesouros, aos curiosos da natureza. Ao findar do seculo lá estanciavam um pesquisas scientificas dois naturalistas; um, compatriota, Pereira Araujo, outro, allemão e sabio, Link.
(...)"
Fotografia: © Rui C. Barbosa
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