A fotografia é, acima de tudo, o sentimento que nos envolve no momento e este momento não é instantâneo, envolve-nos por alguns segundos enquanto apreciamos a paisagem que se depara perante nós.
Neste caso, e após passar pelo curral, uma curta paragem para o ver à medida que se afastava. Surgindo então o alinhamento perfeito... o Curral de Bezerros, abrigado numa pequena corga à sombra de Porta Roibas, surge em primeiro plano com as suas cores de Inverno. O olhar eleva-se e perde-se por entre o verde esbatido que esconde o seu abrigo pastoril, sendo então atraído pelas paredes alcantiladas das Velas Brancas. Quem observa a paisagem pela primeira vez, não imagina o abismo granítico que separa estes dois elementos da composição fotográfica, cuja observação termina no pináculo do Iteiro d'Ovos que se projecta num céu a prometer chuva.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
1 comentário:
Rui, várias vezes me surge a questão da origem dos prados na serra. É certo que alguns foram criados pelo homem através de queimadas ao longo dos anos, mas se analisarmos a localização de vários currais, verifica-se que uma grande parte se localizam em vales pequenas corgas ou depressões, que naturalmente são áreas mais húmidas e mais propícias ao aparecimento de bosques que por sua vez originam o sub-bosque e as plantas herbáceas. A touça, Prados da messe, conho, são alguns exemplos bem conhecidos. Mas pergunto-me qual seria o seu aspeto original. Teriam pastagens naturais? Foram criadas ou aumentadas pelo homem posteriormente? Se olharmos para alguns currais no topo da serra (absedo, porta ruivas) ou outros em áreas a meia encosta (como o de bezerros) ou planaltos (cabanas novas, couce), fica um bocado a dúvida de qual a sua origem. Humana ou natural?
A presença de bosques adjacentes é muitas vezes um bom indicador, mas tal só acontece em vales normalmente. No caso dos prados da messe por exemplo, estes localizam-se apenas numa depressão, onde existe uma turfeira, mas nada de bosque. No entanto lá está o prado, no início da turfeira, na base da montanha, numa área aparentemente propícia para o desenvolvimento de vegetação herbácea e arbórea. Será interessante investigar esta questão mais a fundo. Alguma ideia?
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