quarta-feira, 22 de julho de 2020

Trilhos seculares - Entre o Arado e o Rio Conho


Paisagens que nos fazem lembrar os quadros amarelecidos da Beira Interior ou os quentes campos de Trás-os-Montes, é assim que está o Gerês agoniante perante os dias de calor extremo que se abate de forma inclemente pelas agruras graníticas da serra.

São fontes que secam, pastos que se esgotam, sombras quentes e rios que agoniam cheios de uma massa humana que busca a sensação refrescante por entre o Estio que queima a pele e torna a existência quase insuportável. Não gosto do Verão!

Caminhar na serra por estes dias pode-se tornar num acto de contrição. Começamos pelo ar fresco da manhã e tentamos registar todas as sensações que a sombra fresca nos proporciona; vamos necessitar delas daqui a pouco quando o Sol nos abrasa a pele e nos seca a alma, pois a garganta já há muito que pede água!

O vislumbre triste e silencioso do Rio Arado é rasgado pelo tilintar dos pequenos sinos que ao dependuro vão assinalando o avançar do rebanho que vai conquistando a encosta. A Cascata do Arado é uma visão tímida dos dias de Inverno com um (quase) fio de água a escorrer granito abaixo. Deixando para trás a saudação ao pastor e o ladrar dos cães, as botas vão levantando o pó do carreiro seco que nos conduz à vizinhança do Curral de Giesteira. Em breve encetamos a subida pela Corga do Urso e chegamos já ofegantes ao pequeno estradão que termina já ali adiante para dar lugar ao carreiro de montanha. Na mesma corda surge um casal demasiado exposto ao inclemente calor e uma família que tenta, silenciosa, ir vencendo o declive em direcção ao Curral de Coriscada (Vilar da Veiga).

Mais adiante, e tentando encontrar a brisa refrescante que lambia o vale, entramos na Corga de Giesteira em direcção ao Curral de Arrocela ainda na sombra do alto do mesmo nome. De seguida, e depois de atingirmos o colo, baixamos em direcção a Entre Águas e ao seu pequeno curral onde os animais pastavam por entre a palha seca. O calor já se fazia sentir e saberia bem um mergulho no Poço Azul para refrescar os corpos. Porém, o vislumbre de dezenas de pessoas que ocupavam todo o espaço depressa fez cair por terra a ideia e depois de uma pequena paragem, seguimos em direcção a Pinhô baixando para a Ponte das Cervas e subindo para a Tribela. Pelo caminho fomos cruzando com dezenas de pessoas que tinham como destino o Poço Azul caminhando expostas ao calor e muitos de calçado nada adequado para aquele percurso.

Se seguida passamos pelo Curral dos Portos e após uma curta visita à Casa Florestal de Malhadoura, seguimos para o Curral de Malhadoura e após ladear os Cabeços de Junceda, voltávamos ao ponto de partida.

Ficam algumas fotografias do dia...


















Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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