A mina era também por vezes visitada por pessoas que não estavam ligadas à laboração mineira e entusiastas da montanha. Nas palavras de Virgílio Murta, “Uma vez dormiram lá na mina dois padres, tendo naturalmente, jantado connosco. Ficámos após o jantar, na boa conversa molhada por uns copinhos, e a certa altura, o Zé Inácio*, que não era lá muito polido, chamou à baila os velhos e clássicos crimes da Igreja contra a humanidade. Um dos padres, que devia ser do Gerez, fervia em pouca água, barafustava, que tudo tinha a sua explicação, que havia muito exagero, com uns comunistas à mistura etc., etc. O outro padre que, se bem me lembro era cónego no Porto, era uma pessoa muito culta, calma e sorridente que, um pouco antes da meia-noite, informou que não tomava mais nada, agradeceu e despediu-se, tendo dado razão ao Zé Inácio, mas dizendo-lhe também que a religião católica tinha tanta razão de existir, que nem os padres ainda tinham conseguido acabar com ela... Acho que tinha razão."
*José Inácio era um dos sócios fundadores da Sociedade das Minas do Gerês.
Extraído de 'Minas dos Carris - Histórias Mineiras na Serra do Gerês', de Rui C. Barbosa - Dezembro de 2013
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