sexta-feira, 12 de junho de 2009

138... Carris, um silêncio que preenche.

Carris, 12 de Junho de 2009

Um novo regresso às Minas dos Carris utilizando a ascensão clássica pelo Vale do Alto Homem. Um óptimo dia para caminhar na companhia de três amigos de Famalicão que já por algumas vezes haviam planeado visitar as minas mas cujos planos tinham sido sempre adiados... até este dia.

Como manda o bom senso começamos pela manhã evitando assim o calor do dia que se adivinhava. Demoramos 2h30 a percorrer o caminho entre a Portela do Homem e as Minas dos Carris por entre o sempre presente murmúrio da pujança do Rio Homem após alguns dias de chuva. Junto da Abilheirinha a Natureza vai cobrindo de verde o que a incúria dos homens cobriu de negro em Março passado.

Chegados aos Carris, e por meio de exclamações pela paisagem que nos foi acompanhando, sentimos o silêncio que alguém um dia disse preencher-lhe a alma. De facto, é algo que se sente e que a cada momento nos faz lembrar do local que pisamos...

Por entre as ruínas da antiga casa do pessoal superior da mina, vai-se acumulando o lixo daqueles que nada sentem e que vêm a montanha como um capricho de um dia e que não respeitam o legado que não é nosso.

Depois de uma paragem junto da represa para almoçar e depois de uma curta conversa com um solitário montanhista que abraça Carris por duas noites, chegou o momento do regresso. A visita aos poços da mina, a passagem pela lavaria, o atalho pelo Salto do Lobo... um olhar pelas memórias do campo de futebol. Iniciando a descida, vem o já usual cruzar com os grupos que tarde iniciam a subida aos Carris, corpos nus queimados pelo Sol... tímidos cumprimentos e ásperos olhares para o chão como que o cumprimento com aquele com quem se cruza fosse o violar da sacrossanta virgindade...

Na Portela do Homem a feira da romaria desordenada dos dias de um Verão que ainda está por chegar e no regresso a Braga uma história que poderá, ou não, fazer correr alguma tinta...

...no fim, pagar o dízimo para ser gasto em algo que nunca saberemos...
Fotografias: © Rui C. Barbosa

5 comentários:

Anónimo disse...

Força Rui na sua luta contra o pagamento da "portagem".
Para os amigos que o acompanharam, um abraço, e voltem porque há sempre coisas novas nesse local misterioso.
Mande noticias de novas subidas...
ABRAÇO.
João Dias.

A. Moura disse...

Estou com inveja :)O meu dia foi muito menos interessante. Rui, a maioria das fotos estão excelentes.

Zé Pedro disse...

Olá Rui
Apesar de só agora saber o teu nome, eu sou o solitário montanhista que, como disseste, abracei Carris por duas noites… acabaram por ser 2 dias e só 1 noite porque o tempo não ajudou!
Por coincidência, estava a procurar mais qualquer coisa sobre o passado das minas e tive a sorte de ver o teu blog pelo qual te felicito desde já.
Durante a minha estadia conheci pessoas que ficaram fascinadas pelo que viram lá em cima e perguntaram-me coisas sobre aquelas paredes que eu também não soube responder, daí, a minha procura pela história das minas vem no sentido de satisfazer a minha curiosidade e a de quem me voltar a perguntar!
Tristemente também vi coisas que me deixaram menos entusiasmado, como alguns elementos dum grupo de escuteiros a correr atrás das vacas que desde manhã cedo pastavam calmamente no meio das ruínas, como pessoas a “deixar a marca” (como disseram) nas paredes… para não falar do lixo que se vai encontrando, quer lá em cima, quer ao longo de todo o percurso até lá chegar!
Como é lógico, 2 dias lá em cima dá muito que falar, por isso eu vou terminar por aqui a minha experiência com uma sugestão: eu aproveitei, e já que tinha um saco com o meu lixo para trazer para baixo, acabei de o encher com lixo que por lá andava e “deixei o mundo um pouco melhor do que o encontrei”. Visto terem sido umas 50 pessoas que por lá passaram nos 2 dias que lá fiquei, porque não sensibilizar quem lá vai a fazer o mesmo?

Um abraço e boas caminhadas

Rui C. Barbosa disse...

Viva Zé!

Pouco depois de nos virmos embora apercebi-me que apesar de nos despedir-mos não nos tinhamos apresentado, mas agora já sei o teu nome e espero poder encontrar-te mais vezes lá por cima.

Bom, o que tu viste infelizmente não me surpreende pois a realidade nas nossas montanhas é assim mesmo e as Minas dos Carris é uma triste demonstração do que se passa e que está à vista de todos os que por lá passam e que têm uma consciência ou sensibilidade para se aperceberem disso.

Como podes ver pelo blogue, a história dos Carris é algo de fantástico e quase único em Portugal, porém é algo que se vai perdendo aos poucos na memória dos que lá trabalharam. Sei que ainda há muito para contar, mas cada vez se torna mais difícil desenterrar esses segredos.

O lixo que por lá abunda é uma triste marca daqueles que por lá passam e que nada respeitam. Mesmo os movimentos de formação dos jovens que deveriam ser os primeiros a dar um exemplo, estão também no grupo dos que deixam uma marca negativa na montanha. Tu bem disseste que deixaste o mundo um pouco melhor do que o encontraste. Isto é algo que Badden-Powell disse aos jovens escuteiros e eu como Escuteiro que fui por vezes custa-me a ver as acções de alguns grupos. Por outro lado, não se pode generalizar. Muitas vezes subi aos Carris com o meu agrupamento e iamos limpando o lixo que ia aparecendo.

Gostava de poder ler sobre a tua experiência nesses dois dias nos Carris e de ter acesso às tuas fotografias. Se quiseres podes enviar algumas fotos que poderão ser publicadas no blogue.

Um abraço e vai aparecendo!!!

Unknown disse...

Olá pessoal,
Eu fui um dos amigos de Famalicão que fiz esta caminhada com o Rui, apesar de não estar preparado fisicamente, hoje ainda estou um bocado dorido…
Mas sem dúvida que foi uma experiencia magnifica para mais tarde repetir, ver aquele ambiente puro, ver riachos de agua cristalina e toda aquela natureza é sem duvida magnifico.
Espero voltar aos Carris numa próxima caminhada.

Um forte abraço para o Rui, o Zé e todo o pessoal que visita este blog.