sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

...o turpor.

Carris, 11 de Janeiro de 2003

...no torpor em que mergulhara por alguma razão,
deixou de sentir o vento húmido e as gotículas que lhe percorriam o rosto...
No precipício antes das Negras sentia agora o vento tépido do final da tarde de Verão...
Ao longe, a brancura granítica da Lamalonga conferia-lhe a distinta sensação de que ali já havia estado...
...essa presença tão reflectida num poema...
Mantendo-se de pé, mas incapaz de se mover...
...de repente sentiu a sua respiração no seu rosto, o breve sabor do metal das profundezas da Terra... O suor que lhe percorre a pele... a única sensação de deleite, prazer... deitada na erva, enroscada no granito...
O beijo chama-lhe a atenção para o alto dos Carris... O seu corpo despido pelo calor do dia abarca o topo da Nevosa...
Com a serra aos seus pés, de um Salto do Lobo adormece embalado pela magnitude do Gerês...
...o leve acordar do sonho... o Sol brilha pelos raios que se projectam na parede...

Fotografia: © Rui C. Barbosa

Sem comentários: