Carris, 28 de Janeiro de 2007
Como que por uma visão turva, caminha-se por entre as ruínas há muito abandonadas...
O vento, suave, parece por vezes trazer o murmúrio que rompe o profundo silêncio que brota do interior da terra, uma renovação.
...dali já não vem luz, mas o passeio encontra-se iluminado por uma luminescência ténue... o fugaz tempo de uma memória que se vai perdendo, lentamente...
Ao longe parecem surgir vultos curvados do passado, caminhando penosamente em direcção às casas destelhadas e sem janelas... da chaminé sai um fumo de uma lareira apagada, um clarão vermelho numa parede que se desvanece quando para lá fitamos o nosso olhar...
O silêncio em torno de mim é mais alto que o ensurdecedor ruído das máquinas, o tempo parece mais próximo com o passar dos anos, o frio é mais intenso por entre as sombras que se projectam com os últimos raios do luar...
Carris está novamente sozinho, não açoitado pelos sonhos de riqueza dos homens...
Fotografia © Miguel Grilo
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