quinta-feira, 7 de junho de 2007

Um editorial...

(...desta vez não há direito a fotografia!)

O complexo mineiro dos Carris encontra-se numa zona de protecção particular dentro dos limites do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Mais precisamente a área encontra-se localizada na denominada Área de Ambiente Natural nas Zonas de Protecção Parcial e Total. Tendo em conta esta localização facilmente se compreenderá que a presença humana no local pode trazer impactos negativos para aquela área.

Porém, sempre existiu presença humana na Serra do Gerês que sempre foi atravessada ao longo dos tempos pelas gentes serranas nas sua peregrinações. Ainda hoje facilmente se encontram velhos trilhos que traçam a serra e que eram (são) utilizados pelos pastores, carvoeiros e não só.

Com a actualidade do turismo de montanha verifica-se o aumento de afluência às nossas serras e a Serra do Gerês não foge a este fenómeno. Todas as semanas facilmente se constatam a presença de grupos (uns maiores outros menores) que percorrem o Vale do Alto Homem em direcção às Minas dos Carris e a outros pontos da Serra do Gerês (isto repete-se noutras localizações do Parque Nacional da Peneda-Gerês). Como alguém que percorre a Serra do Gerês há muitos anos sempre fui a favor de um controlo da presença desses grupos, controlo esse que deve ter vários objectivos. Este controlo não deve ser impeditivo mas sim mais preventivo, informando as pessoas sobre o que irão ver, informando as pessoas sobre como se deverão comportar, informando as pessoas sobre o que não fazer, informando as pessoas que não devem deixar as suas marcas na serra... Por outro lado, este controlo poderá ser útil em casos de emergência; desta forma seria possível estudar a movimentação das pessoas e grupos na serra, podendo ser mais fácil uma actuação em caso de emergência. Talvez havendo um controlo deste tipo se pudessem ter evitado as várias mortes que há anos marcaram o caminho para Carris.

Tal como já referi numa entrada anterior neste blog, numa das últimas subidas aos Carris deparei pela primeira vez em muitos anos com a presença de um Guarda da Natureza e de dois militares da GNR no local, facto que muito me agradou pois é indicativo de que na realidade se começara a tomar medidas sobre a velha questão da presença de pessoas nos Carris.

Sempre fui a favor de se avisar ou dar a conhecimento ao PNPG sobre as caminhadas que alguém queira fazer na Serra do Gerês ou no caminho aqui em questão (o Vale do Alto Homem até Carris). Já o fiz por várias vezes quando tinha por objectivo levar grupos de jovens aquela zona e sempre me foi negado, tendo cumprido com o que me foi dito. No entanto como pensa o PNPG controlar o acesso aos pontos mais altos da serra? Será que vamos ter uma vigilância mais apertada na zona e quem se aventurar poderá correr o risco de ser… multado? Será que vamos assistir a uma verdadeira caça ao homem na serra com o SEPNA a punir os infractores? Acho que é algo que deveria ser discutido de forma clara sem haver uma atitude neo-ambientalista radical.

Penso ser da maior utilidade para o PNPG a elaboração de um plano que regulamente o acesso a certas áreas tendo em conta que o que está estipulado de há uns anos para cá não é obviamente aplicável nos nossos dias.

Sabemos que o nosso país poderá não ter os recursos necessário para implementar na zona dos Carris uma área de apoio e educação ambiental para as pessoas que frequentam regularmente a montanha e que como tal têm em presença as regras elementares de comportamento nessas áreas. Obviamente também que o Parque Nacional da Peneda-Gerês não é só a zona dos Carris e isto sem dúvida é um facto muito importante. Outras áreas existem onde certamente é necessária uma maior atenção nos nossos dias. No entanto, acho necessária uma intervenção rápida nesta zona.

Este blog é uma primeira fase na escrita da História das Minas dos Carris. A sua degradação, pela qual o primeiro responsável é o estado português, assim o torna urgente. Já o referi, é um pequeno pedaço da nossa História que todos os dias vai desaparecendo quer de forma física quer na mente dos Homens.

O objectivo das Caminhadas Históricas do blog Carris é o de dar a conhecer a zona a um grupo de pessoas que queira saber mais sobre a história mineira da Serra do Gerês e que pode colaborar na conservação da memória do local. Por minha própria imposição este grupo não ultrapassa nunca as 10 pessoas para que o seu impacto na zona seja o menor possível. Mais uma vez terei o cuidado de avisar as autoridades competentes para a realização de tal visita, certamente como o fazem outros grupos e certamente como fazem as centenas de milhar de pessoas que todos os anos percorrem o caminho em busca de uma boa lagoa para passar uma tarde de férias…

Este blog já recebeu um aviso sobre a realização de tal Caminhada Histórica da mesma forma que acredita que outras organizações de maior dimensão também recebam os mesmos conselhos por parte do PNPG para a realização das suas caminhadas com 30 pessoas. Em resumo, o PNPG não autoriza a sua realização…

Seguindo o raciocínio do aviso, e como tais caminhadas não são autorizadas pelo PNPG, quem nelas participar poderá incorrer numa infracção (o que por um lado me leva a questionar sobre o aviso que nos foi dado por uma autoridade de que era necessária a autorização do PNPG para poder visitar os Carris).

Gostava de salientar este ponto para que quem nos queira acompanhar não venha a ser surpreendido numa situação incómoda.

No dia 16 de Junho faremos uma subida aos Carris…

2 comentários:

Anónimo disse...

Concordo com a presença dos guardas da natureza no Geres, com o objectivo de zelar pelo espaço no sentido de não permitir que se façam atentados à natureza tais como o lixo que é abandonado por quem visita os carris, e outros lugares do Geres, enfim os guardas deveriam ter um sentido pedagógico de alertar os visitantes em coisas tais como, os perigos que podem encontrar, o silêncio que devem respeitar, não destruir a fauna e flora, e também que quem visita os carris por mais abandonado que o lugar esteja não deve continuar a ser destruído com a marca de quem foi aos carris...Penso que os guardas devem estar mais vezes no local como no dia 19-05-07 e terem uma atitude preventiva... Não concordo que se queira impor uma taxa a quem quiser percorrer os trilhos do PNPG ou outro tipo de percurso. Quanto ao facto de ser necessário uma autorização do PNPG para percorrer os carris ou outras zonas do Geres, penso ser uma medida um pouca estranha de difícil execução...
No entanto parece que já há quem estje a fazê-lo: http://www.aventuradasaude.org/ultimaactividade.htm

Rui C. Barbosa disse...

O assunto será sempre de debate delicado. Como tiveste oportunidade de testemunhar aquando da Primeira Haminhada Histórica às Minas dos Carris, a presença de grandes grupos trará sempre um impacto negativo no Parque Nacional que acaba por não tirar nenhum proveito do facto de várias associações cobrarem pelas actividades que realizam. tenho as minhas dúvidas quanto ao pedido de licenciamento dessas actividades e mesmo que sejam licenciadas é sempre complicado tentar controlar grupos grandes e verificar se existem elementos que acabam por deixar as suas marcas negativas no terreno como foi o caso do que aconteceu a 19 de Maio quando um dos elementos deixou cair um rádio na represa dos Carris e não teve o mínimo cuidado em o recuperar, no entanto as pilhas para o fornecimento de energia por esta hora já terão feito a contaminação das águas do local.