sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

O que se eleva perante nós!...


Há algo, naquele específico momento e não noutro, que nos faz parar e olhar, senão contemplar o que se eleva perante nós. É como se tudo fosse resumido a um simples momento, um instante... tudo! O Amor, a Morte, a Saudade, o Desejo, a Contemplação do espaço ou de um espaço, o Sentir a brisa e o restolhar das folhas, o som do riacho e o movimento dos ramos das árvores pornográficamente despidas, a imponência do Silêncio que nos esmaga na nossa passagem por este tempo. É a paisagem do mais pujante, é a força da rocha, é o frio mortal da neve que nos cega a vista. O pintar quântico e entrópico das nuvens num céu de azul que o vemos a correr num arco-íris imaginário de tons escarlate.

Porém, naquele momento e naquele espaço, também escutamos o som do nosso viver, a respiração tolhada pelo cansaço do caminhar na neve que se vai transmutando em gotas brilhantes que se fortalecem em ribeiros; o bater do nosso coração no peito que se expande na emoção do temor, da veneração, da estupefacção e do espanto.

No entanto, e apesar da pujança de todas as cores que se unem numa primordial melodia, a força dos tons de cinza transforma as nossas emoções em lágrimas que nos acariciam o rosto e sorrimos diante do que se eleva perante nós!...

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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