domingo, 1 de outubro de 2017

253... Regresso ás Minas dos Carris


O regresso às caminhadas foi também o regresso às Minas dos Carris. A saudade apertava e o calor do estio fez-me tomar a decisão de simplesmente não me aventurar na serra em Agosto. As experiências de 2016 não foram muito agradáveis e a minha tolerância às temperaturas altas tem vindo a baixar de forma considerável.

No entanto, o último dia de Setembro prometia ser agradável com temperaturas amenas e um início de dia bem fresco, e assim foi. O nevoeiro e as nuvens baixas lambiam as serranias Geresianas quando deixei o carro e iniciamos a jornada. A terra encontrava-se fresca e ligeiramente húmida à medida que as nuvens de iam dissipando e deixando ver as familiares formas do Gerês. A Mata de Albergaria tingia-se de pequenos sons com as folhas e os ramos num ligeiro oscilar na brisa da manhã.



Ao passar a ponte sobre o Rio Homem, a agonia de um rio fez-se notar. Se a paisagem está marcada pelos dias sem chuva, o Rio Homem parece agoniar no seu leito. Impôs-se a saudade de o ver foprte e bravio nos dias de Inverno onde a sua visão, mesmo à distância, impõe pavor e acima de tudo respeito. Se a caminhada pelo Vale do Homem é uma experiência espiritual, fazê-la mergulhado num silêncio quase sepulcral devido à sua ausência, torna-se algo de melancólico. O rio faz parte da paisagem sonora que nos acompanha naqueles quilómetros...

As cores do Outono procuram impôr-se na paisagem, mas ficamos com a sensação que elas já chegaram não por causa da época, mas sim pela ausência da chuva que não humedeceu os solos e por isso as árvores secam. Aqueles tons de fogo parecem-me artificiais, algo saído de um pesadelo que nunca acaba. Tentamos convencer-nos que, eventualmente, ela chegará e irá tornar a paisagem em algo de real no seu tempo e não o resultado de uma anomalia qualquer.





A Fonte da Abelheirinha resiste à seca e reconforta-nos ao fim de alguns minutos de caminho. Seguiu-se a Água da Pala onde a sua pequena lagoa está com as águas calmas. Ao fundo, a paisagem da Serra Amarela era recortada por duas línguas de nuvens que em breve iriam desaparecer aquecidas pelo Sol que se iam levantando na paisagem. Nas Curvas do Febra após a passagem pela Ponte do Cagarouço que saltava um leito seco, as nuvens ao fundo já não existiam e a Louriça dominada a paisagem no horizonte.

Da mesma forma, a Ribeira de Modorno não levava água para o Rio Homem que ainda se fazia escutar timidamente no seu leito à passagem pela Água da Lage do Sino, uma memória dos dias de chuva. Para contrapor ao calor que se ia instalando, surgiu uma brisa mais amena há passagem do Teixo. Aqui, fazia-se um esforço para escutar o rio e este mal se via nas Águas Choca e nas Abrótegas. A paisagem tinge-se em tons amarelos e de um verde pálido por alturas do Curral de Cabanas Novas e da Corga da Carvoeirinha.

As ruínas lá estavam, silenciosas...

















































Algumas imagens do dia e o resto aqui.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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