segunda-feira, 6 de abril de 2015

Em luta pela Serra da Cabreira


Já anteriormente havia levantado o véu sobre o facto de algo estranho estar a acontecer na Serra da Cabreira. Assim, foi tomada a decisão de agora tornar público o que pode vir a ser um verdadeiro atentado ambiental naquele espaço natural, onde parecem nascer notas em vez de folhas.

O email seguinte foi enviado para o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) solicitando informações sobre o que está a ocorrer e sobre a razão pela qual milhares de árvores foram literalmente marcadas para abate que caso venha a acontecer irá mudar por completo a paisagem daquela serra vizinha da Serra do Gerês.


Já não basta terem por lá plantado dezenas de eólicas e assim aumentado o custo da energia eléctrica, querem agora transformar a Cabreira num ermo desértico!

Todos juntos ousemos lutar, ousemos vencer!


Email modelo a enviar ao INCF...

Exmos. Srs.

Chegou ao meu conhecimento pelos forum’s de actividades ao ar livre, nomeadamente pelos grupos de Montanhismo on-line, que existe a intenção, presumivelmente por parte do próprio ICNB (delegações Braga ou Vila Real), de proceder ao abate indiscriminado de árvores de grande porte na Serra da Cabreira.

Das referidas denúncias no espaço internáutico constam nomeadamente os seguintes factos:

1. No passado dia 14 de Março, apareceram cerca de 100 árvores (resinosas) marcadas, a machado/catana, a cerca de 400 m a jusante da ribeira que nasce nos Marcos de S. Bento (sopé Sudoeste do Sapateira) e que corre para as Lamas de Curral (também conhecido como "Bosque de Lírio");

2. No dia 21 do mesmo mês, estavam já marcadas todas as árvores para montante, até à própria nascente, sita junto aos referidos Marcos de S. Bento;

3. No Sábado, 28 de Março, a cerca de 500 m para jusante da área referida no Ponto 1, nova mancha de resinosas, em grande número, marcadas da mesma forma (direcção "Raposeira").

No total, estaremos a falar numa zona marcada para abate, numa extensão de cerca de 1 km de floresta, isto à data de 28 de Março, não havendo garantias de que, entretanto, esta mancha não se tenha alargado, uma vez que todas as entidades contactadas, nomeadamente, as Câmaras Municipais de Vieira do Minho e Montalegre e Comissões de Baldios Locais, ou desconheciam ou não se mostraram disponíveis para indicar o intuito, a origem e/ou extensão da acção em curso.

Tendo em consideração a opinião unanimemente expressa pelos montanhistas e ecologistas, que denunciaram estes factos, de que esta parte da floresta é fundamental para todo o ecossistema da Serra da Cabreira, pois é a única ligação a norte entre a Costa dos Castanheiros e os restantes Bosques Ocidentais que sobreviveram aos incêndios e como tal a razão primeira da existência ainda de uma Floresta Una nesta zona da Cabreira, e, por outro lado, que esta eventual divisão da Floresta irá colocar em grave risco qualquer eventual projecto futuro de reflorestação das linhas de água que vão formar o Rio Ave, levanta-se a questão de se estar na presença de um verdadeiro “CRIME AMBIENTAL”.

A par da desflorestação provocada pelo abate indiscriminado de espécies duma área tão extensa de floresta, sem um conveniente estudo de impacto ambiental, acresce também o consequente impacto no habitat das espécies que na mesma “habitam” e da mesma dependem, incluindo espécies sob protecção, nomeadamente o corço e o lobo ibérico (já observados nesta zona).

Pelo aqui exposto, e enquanto Cidadão preocupado, quer com a constante desflorestação do país e consequente avanço de espécies invasoras que em nada contribuem para a biodiversidade e que ainda potenciam o aumento do risco de incêndios, os quais por sua vez infligem elevados prejuízos ao país, económicos e humanos, venho por este meio:

- expressar a minha profunda indignação pelo que está já a ser feito na Serra da Cabreira, sem a devida transparência nem o devido esclarecimento por parte das entidades oficiais, mesmo no tocante à legalidade das acções empreendidas e,

- solicitar de forma veemente a esse Instituto, enquanto entidade responsável pela protecção da Floresta Portuguesa que informe URGENTEMENTE se tal iniciativa parte desse organismo (e, na negativa, se tem do mesmo conhecimento), e, principalmente que medidas pretende implementar para o exercício do objectivo e função primeira da sua existência – a Conservação da Natureza e da Biodiversidade!

Grato pela atenção dispensada, subscrevo-me com os melhores cumprimentos

(Nome Completo, BI / CC)





Fotografias: Rui França

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